30/05/2010
"O Ginjal" da Casa Conveniente estreia em C.C. Vila Flor - Guimarães
A estreia nacional de “O Ginjal ou O Sonho das Cerejas” na quinta-feira 3 de Junho, 22h00, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães (http://www.ccvf.pt/ ) marca o início dos Festivais Gil Vicente.
"O Ginjal ou O Sonho das Cerejas" é a continuação do trabalho desenvolvido no processo "A Última Ceia ou sobre "O Cerejal", a partir do texto de Tchékhov.
Neste último, estreado em 2007 na Casa Conveniente, e reposto no mesmo ano no Teatro da Politécnica, o espectáculo acontecia no decorrer de um jantar onde cinco actrizes e público partilhavam um texto, um momento e uma refeição. Foi um trabalho que se quis faseado de maneira a criar o tempo para a experimentação, e onde semanalmente se trabalharam aspectos diferentes e se procuraram objectivos distintos: o fixo e o aleatório; a dicotomia entre texto lido e texto decorado; a ideia de vazio, proveniente da impossibilidade de trabalhar com o elenco completo de "O Ginjal"; entre outros tantos.
Passados três anos, a Casa Conveniente regressa a este clássico de Tchékhov com novas premissas.
Desta vez num palco, com os 12 actores e com músicos, trabalhando sobre a ideia do texto como corpo comum, onde cada voz existe para que esse corpo, o texto, permita continuar a afirmar o direito à utopia.
O sonho das cerejas. Contar histórias e rir enquanto a casa é destruída.
E continuar a viver.
A Casa Conveniente foi distinguida em Março pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro com uma Menção Especial, "pela persistência com que abraça um teatro que alia músculo verbal e exigência interpretativa raros a um impreterível, generoso desígnio de repensar formas e práticas".
Direcção Artística Mónica Calle,
Com Amândio Pinheiro, Ana Ribeiro, David Pereira Bastos, Hugo Bettencourt, José Miguel Vitorino, Luís Fonseca, Miguel Moreira, Mónica Calle, Mónica Garnel, Rita Só, Rute Cardoso, Tiago Barbosa e Tiago Vieira e os músicos Gonçalo Lopes, João Madeira e Rini Luyks,
Concepção do Espaço Cénico Francisco Rocha,
Desenho de Luz José Álvaro Correia,
Consultoria Cenográfica Luís Monteiro,
Construção Cenográfica Grande Palco Lda.,
Styling de Figurinos Fernanda Pereira, GDE – Galeria de Exclusivos,
Execução de Adereços Cristiano Câmara,
Patines Carine Demoustier,
Fotografia Bruno Simão,
Filme Documental Patrícia Saramago,
Assistência de Encenação Joana Estrela,
Produção Alexandra Gaspar e Catarina dos Santos,
Tradução Nina e Filipe Guerra (“O Ginjal”, de Anton Tchékhov, Relógio d’Agua Editores)
Uma Co-Produção Casa Conveniente, Teatro Maria Matos, Centro Cultural Vila Flor, Artemrede, O Espaço do Tempo.
Após a estreia a peça vai em digressão pelos teatros do circuito Artemrede, a seguir há carreira no Teatro Maria Matos, de 1 a 11 de Julho.
B.B. King on tour, 85 anos!
Vi-o há doze anos na Expo '98, ontem voltou a Portugal, um concerto em Sabrosa.
Continua em grande, com a sua inseparável "Lucille".
What a guy!
Uma máquina trituradora, uma ministra diaba, um sindicato a vender a alma
Para já só uma máquina artesanal de aspecto folclórico como resposta à trituradora do Governo, será que isto vai mudar? "Manifestações, pior do que a Grécia, se for preciso" (vídeo 2:00) .
A ministra diaba Helena André (a máscara a cair, os corninhos a desabrochar) não deixou de elogiar o sujeito aqui em baixo, pois nada melhor do que fomentar a discórdia entre os sindicatos...
A UGT "admite endurecer os protestos se mais sacrifícios forem exigidos aos trabalhadores":
João Proença, o sindicalista-carrasco...
Dennis Hopper (1936 - 2010)
Só uma mão cheia dos mais de duzentos films em que participou Dennis Hopper.
Morreu hoje.
Será sempre lembrado pelo seu road-movie Easy Rider, obra emblemática da época.
Para mim o seu papel mais brilhante foi o mauzão Frank Booth in Blue Velvet, resultado duma genial parceria com realizador David Lynch.
E quando "Speed" passa pela enésima vez na TVI, vou ver só por causa dele...
28/05/2010
Tax: mais ideias para Sócrates e os seus sequazes
Recebi este vídeo por mail com o pedido para não divulgar.
Tenho opinião contrária: a única maneira de activar os portugueses é dar mais ideias perversas a Sócrates.
Só assim vamos ter cenas gregas aqui...
"Hoje em dia tudo é normal!"
A professora Bruna de Mirandela, despida na Playboy e logo despedida da escola (post 14 de Maio), já deu claramente a volta por cima: uma agenda cheia de aparições em boites e discotecas, actuações "low profile" mas sem dúvida bem remuneradas.
Interpretou na perfeição a última frase da música dos Xutos (post 25 de Maio): "Só errei na profissão"...
A isto é que eu chamo amor à camisola!
Em quatro dias benfiquistas "esculpiram" na mata de Malveira uma águia.
Área total: mais de seis mil metros quadrados, envergadura das asas: 80 metros!
É obra, acho que também vou chorar de emoção... e olha, até os sportinguistas gostam!
26/05/2010
"Há dias assim" - Portugal na final!
Mas não, enganei-me, a letra não começa "Há dias assim... e outros assááádos", mas:
Há dias assim
Que nos deixam sós
A alma vazia
A mágoa na voz
Gastámos as mãos
Tanto as apertámos
Já não há palavras
Foi de tanto as calarmos ....
25/05/2010
Portugal 0 - Cabo Verde 0, falta de concretização na pequena área
Resultado lógico num jogo entre as equipas nº 3 e nº 117 do ranking mundial, quando a primeira procura sobretudo evitar lesões, quer dizer confrontos físicos com o adversário, assim é difícil ganhar.
"Podiamos ter marcado mais uns golitos" (mais como?, marcaram algum?), começou já a suspirar o seleccionador nacional.
O veterano Tiago lesionou-se na mesma, mas também não se percebe porque é que ele foi convocado.
No início dos anos '90 existiu efemeramente uma revista satírica "O Fiel Inimigo". Num período em que o Benfica teve grande dificuldade de marcar golos, um colega-adepto benfiquista da minha equipa de xadrez enviou à redacção a seguinte brilhante reacção após um artigo jocoso sobre o assunto: "Estou muito deprimido por causa da constante falta de concretização do Benfica na pequena área do adversário, de tal modo que eu próprio tenho agora problemas de concretização na pequena área da minha esposa!"
Se o mesmo acontecer à selecção nacional no Mundial 2010, em breve o Dr. Pepe poderá deixar circular muito mais viaturas do tipo "Um Eléctrico chamado Desejo" (vídeo)...
Sem eira nem beira - Xutos e Pontapés
Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou - bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar...
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganaro povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão
20/05/2010
O que nos vale: em Portugal há frangos com dois pescoços...
Carvalho da Silva no vídeo entre 00:55 e 01:10...
Sónia Tavares is everywhere!
Não sou consumidor regular de telenovelas em geral e de telenovelas portuguesas em particular, mas hoje ouvi durante o "zapping" entre 22h e meia noite e meia várias vezes a voz de Sónia Tavares dos "The Gift".
Alguma pesquisa na programação revela que se trata das novelas "Perfeito Coração" na SIC e "Sentimentos" na TVI, que têm como temas principais nas respectivas bandas sonoras: "A Gaivota" e "Fácil de entender".
O último tema é um original dos "The Gift", o primeiro é um poema de Alexandre O'Neill, musicado por Alain Oulman e cantado por Amália Rodrigues (1961, vi em directo na televisão holandesa, ainda puto), numa nova versão foi incluído no álbum "Amália hoje" (2009), cantado por Sónia Tavares.
Além de Sónia Tavares interpretam em "Amália hoje" Fernando Ribeiro dos "Moonspell" e Paulo Praça dos ex-"Turbo Junkie", bandas com as quais partilhei várias vezes o palco nos "roaring nineties" da MMP (música moderna portuguesa) nos projectos "Lucretia Divina" e "Boris ex Machina".
Não posso dizer que sou um adepto entusiasmado das "actualizações" da música de Amália, mas a voz de Sónia Tavares é para mim incontornável.
Aqui os vídeos das duas versões de "A Gaivota" com quase 50 anos de distância...
19/05/2010
Dom Duarte Pio - Rei de Portugal - dirige-se ao seu povo
18/05/2010
Cavaco igual a si próprio
Canção sem letra mas com números.
Depois de ter descoberto a música digital em código binário (zeros e uns) descobri finalmente a forma de não precisar de letras para fazer canções.
Mais saudade: Salvatore Adamo - "Tombe la neige" (1964)
Êxito mundial de Salvatore Adamo, tal como Rocco Granata filho dum imigrante mineiro italiano (neste caso siciliano) na Bélgica. O sucesso de Adamo perdura até aos nossos dias.
http://fr.wikipedia.org/wiki/Salvatore_Adamo
Pessoalmente, aos 10 anos de idade, gostei mais de "Vous permettez, monsieur" do mesmo ano 1964, os gostos não se discutem... http://www.youtube.com/watch?v=O70E5PYved4
Saudade: Rocco Granata - "Marina" (1959)
Mi sono innamorato di Marina
una ragazza mora ma carina
ma lei non vuol saperne del mio amore
cosa faro' per conquistarle il cuor.
Un giorno l'ho incontrata sola sola,
il cuore mi batteva mille all'ora.
Quando le dissi che la volevo amare
mi diede un bacio e l'amor sboccio'...
Marina, Marina, Marina
Ti voglio al piu' presto sposar
Marina, Marina, Marina
Ti voglio al piu' presto sposar
O mia bella mora
no non mi lasciare
non mi devi rovinare
oh, no, no, no, no, no
A história de sucesso do filho dum pobre mineiro "calabrese", imigrante na Bélgica.
Acompanhou o pai nas minas durante algum tempo, mas virou-se para a música, a tocar acordeão e a cantar.
Em 1959 lançou um single "Manuela", mas foi o lado B que se tornou um êxito mundial: "Marina" vendeu milhões de exemplares e foi adaptado por celebridades como Dalida, Dean Martin e Louis Armstrong!
O grande sorriso do artista, a simplicidade directa do refrão ("Marina, quero casar contigo e já!"). Ainda oiço a minha mãe cantar o refrão na cozinha, a acompanhar a canção no rádio.
Um "American dream" na Bélgica!
http://en.wikipedia.org/wiki/Rocco_Granata
E depois veio o Adamo...
17/05/2010
15/05/2010
14/05/2010
Bruna dá música!
Alguém pediu autorização a elas?
No lugar das meninas bebés nos braços do Papa Ratzi, eu começava logo a exorcizar os maus espiritos, aos berros e por todos os orifícios do corpinho, nas cores dos paramentos papais.
Um 13 de Maio inesquecível, "una giornata particolare"
Como era de esperar ontem em Fátima o Papa Ratzi abordou os temas do aborto e casamento homossexual, fortemente aplaudido pelo rebanho mentecapto.
Sócrates e Passos Coelho: primeiro "Jamais!", depois "Ça change, ça change"
E pronto, já está...
13/05/2010
Hoje: "Nossa Senhora de Fálica na Cova (Quem) Diria!?"
"A treze de Maio, na Cova da Iria..."
12/05/2010
Os anjos de Manoel de Oliveira
Como era de esperar os veneráveis vultos da cultura e ciência portuguesa acorreram em massa para prestar vassalagem ao Papa Ratzi no encontro hoje de manhã no CCB.
Ao Manoel de Oliveira coube a honra de proferir um discurso como representante da confraria.
Quanto ao conteúdo do discurso: o caro leitor julgue por si.
Eu reparei sobretudo na passagem (no vídeo entre 2:20 e 4:20) em que o cineasta mencionou o facto de ter "inserido" um anjo em dois das suas obras: "O Acto da Primavera" (1962), baseado num auto popular do século XVI de Francisco Vaz de Guimarães (neste caso o anjo já existia no texto original) e "Cristóvão Colombo - O Enigma" (2007), um filme com um anjo da guarda, "inventado" por Manoel de Oliveira.
Enquanto "O Acto" é geralmente apreciado como uma "obra marcante no cinema etnográfico e na antropologia visual" ( http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Acto_da_Primavera ), também é consensual a opinião que "O Enigma" é um dos piores filmes de sempre do cinema contemporâneo europeu...
Aos 101 anos de idade, é compreensível que Manoel de Oliveira comece a tratar do seu mais do que merecido lugar no Paraíso. Na presença do Papa Ratzi ele deve ter pensado: "Dois anjos valem mais do que um só anjo!" Mas neste caso acho que pensou mal: o anjo d' "O Acto da Primavera" era suficiente.
Além disso, duvido que Papa Ratzi seja o interlocutor indicado para meter uma cunha lá no Além...
"Stormy Weather" - Lena Horne (1917 - 2010)
Morreu aos 92 anos Lena Horne, uma lenda afro-americana e a uma das primeiras actrizes negras na América a conseguir trabalho no showbiz da música e do cinema. Mesmo assim, ela teve de lutar contra discriminação por causa da cor da sua pele e por causa das suas ideias políticas (estava na famosa "lista negra" de Hollywood do senador McCarthy, mas conseguiu sobreviver à essa "caça às bruxas").
"Stormy Weather" (1943) foi o seu maior êxito de sempre.
Apelo aos gatos portugueses: Papa Ratzi!
Já que os humanos neste país perderam completamente o juízo!
(ver também: http://ogatodoalekhine.blogspot.com/, 11 de Maio)
Agradecimento pela imagem ao bloguista suiço Christian Dreyer, claramente um suiço atípico, http://en.wikipedia.org/wiki/Swiss_Guard
11/05/2010
O Rato Cantor e os Euros
Papa Ratzi on tour: escândalos e gaffes
E pronto, logo no seu primeiro discurso em Portugal, ainda no aeroporto de Figo Maduro, Papa Ratzi já conseguiu nova proeza: uma citação elogiosa do principal aliado de Salazar.
"Que depois, há 93 anos, o céu se abrisse precisamente sobre Portugal - como uma janela de esperança que Deus abre quando o homem lhe fecha a porta, para reatar, no seio da família humana, os laços da solidariedade fraterna assente no mútuo reconhecimento de um só e mesmo Pai, trata-se de um amoroso desígnio de Deus; não dependeu do papa nem de qualquer outra autoridade eclesial: "Não foi a Igreja que impôs Fátima - diria o cardeal Manuel Cerejeira, de venerada memória -, mas Fátima que se impôs à Igreja".
Sorrisos e aplausos de todas as autoridades presentes, Cavaco à frente. What else?
25 de Abril sempre!
O quê!?
Ratzinger e o Nazismo
None of this is remarkable, however, because the same happened with other German Catholic families. Although many German Catholic leaders were willing to work with the Nazis, many individual Catholics and Catholic priests resisted as best they could, refusing to cooperate with a political regime they regarded as anti-Catholic at best and the embodiment of evil at worst.
Whatever the Ratzinger family did and whatever Joseph Ratzinger’s father did, it wasn’t enough to be arrested or sent to a concentration camp. It doesn’t even appear to have been enough to warrant being detained and questioned by the Gestapo.
While Ratzinger was not a Nazi in the past and Benedict XVI is not a Nazi now, there is more than enough reason to question his handling of his past. It appears that he hasn’t been honest with others — and probably not honest with himself — about what he did and what he could have done.
10/05/2010
"Na Cova dos Leões" - Tomás da Fonseca (1958)
"Seria indelicadeza da Antígona não se associar às ceremónias religiosas que terão lugar em Lisboa e Fátima nos próximos dias 11 e 13 de Maio. Por causa da visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI recomendamos a leitura deste livro".
Este livro é porventura um dos mais emblemáticos textos «subversivos» impressos em Portugal durante o salazarismo. Foi escrito por um republicano racionalista e livre-pensador abjurado pela Igreja Católica e pelo regime autoritário e «catolaico» do Estado Novo. Depois, a democracia nascida da revolução de 25 de Abril de 1974 acabou também por o ostracizar. Estas serão, de resto, razões suficientes para que alguns títulos da sua prolífica obra logrem ser redescobertos e reeditados pela Antígona numa altura em que se aproxima o centenário da proclamação da Primeira República em Portugal (1910-2010).
(Editorial 2009)
Na Cova dos Leões (1958) é uma compilação de cartas dirigidas ao então Patriarca de Lisboa Cardeal Dom Manuel Gonçalves Cerejeira (excepto as cartas que compõem a “Primeira Parte” mais os capítulos “Fecho da Abóbada” e “Relatório do Administrador do Conselho de Ourém”). É uma versão revista e aumentada de Fátima – Cartas ao Cardeal Cerejeira (1955), muito bem contextualizada através do “Prefácio” de Luís Filipe Torgal, da “Nota relativa aos critério de edição e de revisão do texto” à “Explicação Necessária” escrita pelo autor. Essa preocupação em contextualizar é também partilhada pelo autor, dedicando a isso as primeiras quatro partes do livro, rematando já na “Quinta Parte”, «Bem sei que tenho vindo a ensinar o pai-nosso ao vigário, que neste caso é V. Em.ª. Mas se tudo sabeis, e melhor que ninguém, não o sabe a grande maioria do povo português [...]» (p. 187).
Comecemos nós também por contextualizar: Tomás da Fonseca (1877-1968) não pretende fazer um ataque exclusivamente teológico à Igreja, os alvos declarados são os empresários de Fátima (referidos o Cónego Formigão, o Padre Ferreira e o Padre Lacerda). O caso agrava-se quando todo o “episódio” de Fátima (em todos os momentos: antes, durante e após a aparição) foi construído, orquestrado com objectivos bem traçados, afastando-se largamente de uma criação ex nihilo. O que interessa ao autor é denunciar os problemas sociais que daí advêm, o contraste sócio-económico nítido, «E o Ídolo entrou no seu novo santuário, um dos mais, senão o mais rico da cidade, tanto é o ouro, a prata e os estofos preciosos que ali se exibem ao olhar deslumbrado dos que vivem sem conforto e sem pão, em lares que são tocas de bichos ou pocilgas.» (p. 292). Tal como esta ambição do Clero: «Ao mesmo tempo que se violentava a consciência popular, preparavam-se, de longe e de largo, outros processos de obrigar as massas a mostrar que tinham fé. Já concorriam a Fátima milhares e milhares de “convictos”. Mas não era bastante. Reclamavam-se legiões.» (p. 268), e nós tomando parte desse questionamento em que o autor se vê obrigado a dizer «E para quê? Em.ª, para quê? Avivaria a fé dos tíbios? Não avivou! Acrescentaria alguma coisa ao prestígio da Igreja? Não acrescentou nada! Contribuiria, ao menos, para melhorar as condições morais e materiais do povo de que foi proclamada soberana? Não contribuiu!» (p. 279).
Mais que os pormenores da encenação da aparição, mais que os interrogatórios forçados aos três pastorinhos, mais que as técnicas avançadas (para a altura) de marketing, é a “Sétima Parte – O Ídolo Itinerante”, um dos capítulos mais interessantes do livro, talvez por nos presentear com episódios que o tempo omitiu e esqueceu, e tudo num estilo de relato literário, ao nível do que agora se nomeia de narrativa jornalística ou jornalismo literário.
As cartas são dirigidas ao Patriarca de Lisboa porque ele «Sabe, e não quer pôr cobro a semelhante malvadez – para não dizer indignidade –, como a Cova da Iria tem enriquecido alguns e empobrecido tantos!» (.p 368). Como que dirigidas ao Pai, comunicando as injustiças (quando ele tem conhecimento delas) na tentativa de as ver resolvidas, «Cruzes de madeira ou cruzes de ferro são hoje, não símbolos de amor, piedade e redenção, mas chuços com que certos missionários ameaçam os que não se lhes ajoelharem aos pés, nos confessionários, onde se inculcam como verdadeiros e únicos enviados de Deus.» (p. 38).
Na Cova dos Leões é uma lança apontada à armadura mais poderosa da Igreja: o Temor.
Fátima está longe de ser considerada assunto velho, acabado. Afirmar isso é tentar encobrir. O desejo de Tomás da Fonseca é que «Ninguém, pois, deixe alastrar a credulidade que facilmente degenera em superstição, sendo a mais perigosa a das “aparições” de agentes sobrenaturais. Venham donde vierem! Trazidas por um ignorante ou por um sábio, por um cardeal ou por um papa, neste ramo do maravilhoso, a autoridade é sempre a mesma. Combatê-la é, portanto, um sagrado dever moral e cívico!» (pp. 378-379).
(fragmento da crítica de Paulo Serra no site http://orgialiteraria.com/ )
Para mim claramente o Livro da Semana!
09/05/2010
A Ofensiva Mariana
Ontem encontrei na caixa dos correios um grande envelope branco com "o rabo de fora", papel de boa qualidade, não foi publicidade. O envelope tinha como remetente a "Associação dos Custódios de Maria" e como conteúdo "uma bela estampa do Imaculado Coração de Maria", como explica o reverendo padre Pedro Paulo numa carta a acompanhar a oferta não solicitada.
"Já distribuímos cerca de 300 mil estampas em Portugal. Posso contar com a sua ajuda para ampliar esta obra de evangelização no nosso país?" A seguir vem "a título de sugestão" o pedido duma "generosa contribuição": "Pode ajudar-me com 10, 20, 30 euros ou outro valor que lhe for possível. Da minha parte, prometo enviar-lhe, gratuitamente, um terço em madeira e um livrinho com o método para o recitar bem".
Esta Associação de Custódios não brinca em serviço: aproveitou a vinda do Papa para uma ofensiva mariana em escala nacional!
Acredite, caro leitor, fiz um esforço, mas nem a doçura materna nem a suave misericórdia consegue invadir-me o corpo. Será que já não tenho salvação!?
A aliança do costume
Ainda encontrei lá muitos bibliófilos "com trombas", um péssimo serviço da Feira!
Também não entendo aliás a antecipação do evento para Abril/Maio, era Maio/Junho.
08/05/2010
Os cientistas estão a ficar malandros ou a CNN ficou mais sensacionalista?
"Study: Fellatio may significantly decrease the risk of breast cancer in women"
Petição "Cidadãos pela Laicidade"
"Para: Senhor Presidente da República Portuguesa
Senhor Presidente da República Portuguesa,
Nós, cidadãs e cidadãos da República Portuguesa, motivados pelos valores da liberdade, da igualdade, da justiça e da laicidade, manifestamos, através da presente carta, o nosso veemente protesto contra as condições – oficialmente anunciadas – de que se revestirá a viagem a Portugal de Joseph Ratzinger, Papa da Igreja Católica.
Embora reconhecendo que o Estado português mantém relações diplomáticas com o Vaticano e que a religião católica é a mais expressiva entre a população nacional, não podemos deixar de sublinhar que ao receber Joseph Ratzinger com honras de chefe de Estado ao mesmo tempo que como dirigente religioso, o Presidente da República Portuguesa fomenta a confusão entre a legítima existência de uma comunidade religiosa organizada, e o discutível reconhecimento oficial a essa confissão religiosa de prerrogativas estatais, confusão que é por princípio contrária à laicidade.
Importa ter presente que o Vaticano é um regime teocrático arcaico que visa a defesa, propaganda e extensão dos privilégios temporais de uma religião, e que não reúne, de resto, os requisitos habituais de população própria e território para ser reconhecido como um Estado, e que a Santa Sé, governo da Igreja Católica e do «Estado» do Vaticano, não ratificou a Declaração Universal dos Direitos do Homem – não podendo portanto ser um membro de pleno direito da ONU – e não aceita nem a jurisdição do Tribunal Penal Internacional nem do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, antes utilizando o seu estatuto de Observador Permanente na ONU para alinhar, frequentemente, ao lado de ditaduras e regimes fundamentalistas.
Desejamos deixar claro que, se em Portugal há católicos dos quais uma fracção, mais ou menos importante, se regozijará com a visita de Joseph Ratzinger, há também católicos e não católicos para quem o carácter oficial da visita papal, o seu financiamento público e a tolerância de ponto concedida pelo Governo, são agressões perpetradas contra os princípios de laicidade do poder político que a própria Constituição da República Portuguesa institui.
Esta infracção da laicidade a que estão constitucionalmente vinculadas as autoridades republicanas torna-se ainda mais gritante e deletéria quando consideramos que se celebra este ano o Centenário da Implantação da República, de cujo legado faz parte o princípio de clara separação entre Estado e Igreja, contra o qual atentará qualquer confusão entre homenagens a um chefe de Estado e participação oficial dos titulares de órgãos de soberania em cerimoniais religiosos.
Declaramos também o nosso repúdio pelas posições veiculadas pelo Papa em matéria de liberdade de consciência, igualdade entre homens e mulheres, auto-determinação sexual de adultos, e outras matérias políticas.
Porque nos contamos entre esses cidadãos que entendem que a laicidade da política é condição fundamental das liberdades e direitos democráticos em cuja defesa e extensão estão apostados, aqui deixamos o nosso protesto e declaramos a Vossa Excelência o nosso propósito de o mantermos e alargarmos através de todos os meios de expressão e acção ao nosso alcance enquanto cidadãos activos da República Portuguesa.
Subscritores iniciais: Alexandre Andrade, Andrea Peniche, António Serzedelo, Carlos Esperança, Eugénio de Oliveira, Francisco Carromeu, João Pedro Cachopo, João Tunes, Joana Amaral Dias, Joana Lopes, José Rebelo, Ludwig Krippahl, Luís Grave Rodrigues, Luís Mateus, Luis Sousa, Maria Augusta Babo, Miguel Cardina, Miguel Duarte, Miguel Madeira, Miguel Serras Pereira, Onofre Varela, Palmira Silva, Pedro Viana, Porfírio Silva, Ricardo Gaio Alves, Rui Tavares, J. Xavier de Basto.
Os signatários"
A petição pode ser subscrita no site: http://www.peticaopublica.com/?pi=CPL2010
07/05/2010
"Joana Come o Papa" - versão litúrgica a duas vozes
Proposta duma versão litúrgica a duas vozes do refrão de "Joana Come o Papa".
Nas estrofes as harmonias dos pares de notas mantêm-se.
(N.B. Uma pequena dúvida: se calhar os "Fá sustenidos" do penúltimo compasso podiam ser "Fás"!?)
À primeira vista pode parecer que haja ambiguidade na interpretação do título ("afinal quem come?"), mas a letra não deixa espaço para mal entendidos. A outra interpretação (Joana como sujeito) seria também bastante improvável (embora haja gente para tudo hoje em dia...).
Afinal não eram os comunistas...
Come o papa,
meninos come o papa
Come o papa,
meninos come o papa,
meninos come o papa
Um, dois, três,
um menino de cada vez
Quatro, cinco, seis,
presidentes e reis
Vão ao beija-mão do papa
REFRÃO
Sete, oito, nove,
ainda nada se resolve
Dez, onze, doze,
à espera que a mosca pouse
nesta água benta podre
REFRÃO
Treze, catorze e meia,
a coisa está mesmo feia
Dezasseis, dezassete,
cuidado com o cacetete
quando aí vier o papa
REFRÃO
Afinal
não eram os comunistas
Que comiam
criancinhas ao almoço
quem comia era o papa
REFRÃO
pelos vistos
também temos os bispos
e às grades
não confessam os padres
nem uma palavra do papa
REFRÃO
vou pra rua
chamar a Joana
come o papa
Joana come o papa
há mais vida sem o papa
(Letra do Miguel Castro Caldas)
04/05/2010
Rumores
A ceremónia de condecoração terá aparentemente lugar durante a visita do Papa à Lisboa no próximo dia 11 de Maio, mais precisamente no Terreiro do Paço, logo a seguir à missa celebrada pelo próprio Santo Padre.
Um artesão anónimo terá confeccionado um valioso penduricalho de pedras semi-preciosas, contendo a imagem do brasão da freguesia e ornamentado com fitas coloridas, a condizer com os paramentos do Papa.
Caso se confirmem estes rumores, será provável que no dia 11 o povo de Sarilhos Grandes venha em massa a Lisboa, a lotar os barcos catamarans da Soflusa, para poder assistir a um momento tão único e irrepetível.
É esperar para ver...
Santa nostalgia...
Com alguma emoção redescobri na net as ilustrações que em 1960 estavam penduradas nas paredes da sala de aulas. A professora com a vara a apontar para cada palavra e a nossa turma de fedelhos a gritar em coro: Zeg....Mies....
Diz Maria, estás a limpar o vidro para a mãe?
("Mies" é um dos muitos diminutivos de "Maria")
Garanto-vos, caro leitor, era mesmo assim na nossa muy católica provincia de Brabant no sul da Holanda (mas em Portugal não era muito diferente, suponho).
03/05/2010
Nossa Senhora de Fálica
02/05/2010
"Viskningar och rop" ("Lágrimas e suspiros"), Ingmar Bergman (1972)
Hoje na RTP 2, aqui uma famosa cena com a belíssima Liv Ullmann e Erland Josephson (até 06:45).
A seguir, noite adentro, o clássico "Smultronstället" ("Morangos silvestres") do mesmo realizador (1957), com o velho mestre do cinema mudo Victor Sjöström ("The Wind", com Lillian Gish, 1928) e a ainda muita nova Bibi Andersson, outra actriz fétiche de Bergman.
01/05/2010
A loucura continua...
Depois dos meus posts das últimas semanas os (poucos?) visitantes católicos deste blogue provavelmente já sairam em bloco, mas...
Há dois anos o fenómeno absurdo dos peregrinos nocturnos na estrada já me chamou a atenção (http://anacruses.blogspot.com/2008/05/acidente-surreal.html ) e hoje aconteceu o que tinha de acontecer um dia: dois peregrinos atropelados perto de Sertã às três da madrugada.
Até quando continua esta loucura com conivência das autoridades?