30/01/2008

O Dia 30 de Janeiro




Efeméride de dois acontecimentos dramáticos com grande influência na História.
Faz hoje 60 anos que Mahatma Gandhi foi assassinado a tiro por um militante do grupo radical Hindu Mahasabha. Este grupo pretendia a unidade do subcontinente indiano (Índia e Paquistão tinham-se tornado independentes no ano anterior), mas ao contrario dos ensinamentos de Gandhi admitiu o recurso à violência. Como se sabe, a região nunca mais deixou de ser um barril de pólvora.
Faz hoje 75 anos que Adolf Hitler foi nomeado chanceler pelo presidente Paul Von Hindenburg, numa tentativa desesperada de resolver a crise política na Alemanha. Se calhar os políticos da ordem estabelecida pensavam que podiam controlar a situação, mas Hitler livrou-se rapidamente dos partidos políticos. As primeiras vítimas foram os comunistas, nomeadamente depois do incêndio do Reichstag de Berlim em 27 de Fevereiro 1933, menos de um mês depois da ascensão ao poder de Hitler. Esse incidente foi atribuido ao comunista holandês Marinus van der Lubbe, mas nunca esclarecido. Facto é que ele foi condenado e decapitado em Leipzig.
O acontecimento calhou muito bem aos Nazis: tinham um motivo para começar as perseguições, com as nefastas consequências conhecidas. Só em Dezembro 2007 Marinus van der Lubbe foi ilibado pela justiça alemã...

29/01/2008

Aleluia



Digo adeus com alegria ao pior pesadelo da vida do Ministério da Cultura.
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Não sei o que está para vir mas pior é (quase) impossível.
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Fico à espera para ver o que o José António Pinto Ribeiro (que não é o da Culturgest - será que foi engano?...) conseguirá fazer com o ridículo orçamento para a cultura, com a total ausência de políticas culturais e com a inoperância dos institutos tutelados pelo MC.
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Adeus Isabel.
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Boa Sorte Zé.

No Music


Uma das iniciativas da "Stichting B.A.M." (post 18 de Janeiro) é a criação de uma "Stiltelijst", uma "Lista do Silêncio" de espaços públicos sem música: cafés, restaurantes, hotéis, lojas, bancos, supermercados (poucos), centros comerciais (ainda menos).
Até foi criada uma placa para informar o público. "Geen muziek / No Music".
O Café Welling em Amesterdão foi o estabelecimento a estrear essa placa (imagem) em 2005.
http://www.stichtingbam.nl/index.htm , clicar no item "Bordje", depois "Stiltelijst".

Berlin Alexanderplatz (Rainer Werner Fassbinder, 1980)

Logo depois do nosso almoço anacrúsico da semana passada vi na FNAC a apresentação do DVD (edição remasterizada) da série televisiva "Berlin Alexanderplatz", para mim a obra máxima do realizador alemão Rainer Werner Fassbinder. É uma adaptação cinematográfica de um romance de Alfred Döblin de 1929 (o livro foi publicado em portugues pela editora Dom Quixote). Retrata a classe operária e o submundo no Berlim dos anos '20, protagonista é Franz Biberkopf (papel magnífico de Günter Lamprecht), participações de outros grandes actores e actrizes "fétiches" de Fassbinder: Hanna Schygulla, Barbara Sukowa, Gottfried John, Elisabeth Trissenaar, Brigitte Mira, música de Peer Raben.

Aqui os primeiros minutos do primeiro episódio, onde Biberkopf sai da prisão depois de cumprir quatro anos por homicídio.

Um curto comentário do realizador em http://www.youtube.com/watch?v=OLgNkvtovV4.

Mais info no site: http://en.wikipedia.org/wiki/Berlin_Alexanderplatz_%28television%29

21/01/2008

Almoço Anacrúsico


1º almoço de confraternização dos elementos do ANACRUSES.
Post feito em directo. Agora vamos comer.

18/01/2008

Stichting B.A.M. (Fundação Protecção Ambiente contra Poluição Sonora)


Depois da visita da escritora Judith Herzberg, autora do musical "A Fábrica do Nada" (ver post anterior) descobrimos finalmente a fundação holandesa que luta contra a poluição sonora em espaços públicos.
Chama-se Stichting B.A.M. (nome bastante onomatopaico..., abreviatura de: Bescherming Akoestisch Milieu), site: http://www.stichtingbam.nl/index.htm .
Problema: é um site em holandês..., mas tem links, por exemplo para "Pipedown International", uma organização mundial com o mesmo objectivo: http://www.pipedown.info/ .
Um filme de animação sobre o assunto: "Neuro" em http://www.bozzetto.com/neuro.htm

14/01/2008

Reposição da "Fábrica do Nada"

Dia 16 começa a reposição da "Fábrica do Nada" no Teatro Municipal de Almada.

A "Fábrica do Nada" ou "Fábrica de Nada" estreou a 7 de Novembro de 2005 na Culturgest. É um espectáculo de Teatro Musical destinado a um público jovem, onde música e teatro se fundem na narrativa e dão lugar a uma linguagem própria que pouco passa pelas convenções do musical ou da opereta.

Uma produção Artistas Unidos / Culturgest / Teatro Viriato / DeVIR/CAPa / Centro das Artes Casa das Mudas, com o apoio da Embaixada dos Paises Baixos


Autora: Judith Herzberg
Tradução: David Bracke e Miguel Castro Caldas
Encenação: Jorge Silva Melo
Direcção musical: Rui Rebelo
Música: Paulo Curado e Rui Rebelo
Com Américo Silva, António Filipe, António Simão, Carla Galvão / Inês Nogueira, Hugo Samora, João Meireles, João Miguel Rodrigues, Miguel Telmo, Mílton Lopes, Paulo Pinto, Pedro Carraca, Pedro Gil, Sérgio Grilo, Vítor Correia
Músicos: Gonçalo Lopes, João Madeira, Miguel Fevereiro, Paulo Curado, Rini Luyks e Rui Faustino.

No
Teatro Municipal de Almada de 16 a 20 de Janeiro de 2008
No
Teatro Virgínia (Torres Novas) a 24 de Janeiro de 2008
Na
Casa das Artes (Famalicão) a 1 de Fevereiro de 2008
No
Teatro José Lúcio da Silva (Leiria) a 6 de Março de 2008
No
Teatro da Malaposta de 14 de Fevereiro a 16 de Março de 2008




Uma fábrica de cinzeiros fecha, e os trabalhadores, não querendo ficar desempregados, resolvem continuar a trabalhar numa nova produção: nada. À volta de nada organiza-se tudo, desde a escolha do gerente da fábrica, aos furtos dos produtos e aos tribunais, com muita música cantada e tocada a mostrar por que caminhos segue esta história.
Estes operários que preferem fazer nada a nada fazer inscrevem-se mais na linha do saber ver quando se vê do Alberto Caeiro e do fazer não fazendo do Lau Tsu, do que no preferia não o fazer do Bartleby. Em lugar da angústia do desaparecimento das coisas e dos seres que a palavra vazio sugere, o vazio que o patrão deixa ao fechar a fábrica permite o vazio do espaço côncavo em que tudo pode acontecer precisamente porque está vazio. Permite a boa projecção do som. E os músicos, atrás dos actores, seguem atentamente o que se vai passando com as vozes. Estes operários dizem-nos assim, a cantar: a fábrica fecha, não faz mal, nós continuamos na mesma, não nos vão ver aos molhos nos noticiários a protestar à porta da fábrica, nem vamos calados para casa perder a nossa dignidade no sofá. Não precisamos de mais nada do que estarmos uns com os outros porque força como esta só existe outra, que também temos: a música.

A não perder

10/01/2008

Uma tulipa de 60.000 hectares!?


Empresas holandesas estão a construir três ilhas artificiais gigantescas em Dubai (Emirados Árabes Unidos) em forma de palmeira (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Palm_Islands ).
"Porque não também aqui?", pensavam alguns dos meus compatriotas mais iluminados e lançaram a ideia da construção de uma ilha em forma de tulipa (what else?, diz "Nespresso" - George Clooney e digo eu também...) no Mar do Norte, ao longo da costa da Holanda, a área mais populosa do país (imagem).
O Primeiro Ministro Balkenende (aquele político com visual Harry Potter) elogiou a iniciativa.
Vantagens: mais terreno habitável e uma protecção contra as mudanças climáticas (efeito amortecedor contra as consequências do aquecimento global, grande parte da Holanda está situada abaixo do nível do mar).
Críticas: há soluções mais baratas, consequências negativas para ecossistemas, para a pesca e a navegação marítima.
Qual é a sua opinião, caro leitor!?

Calendário Karacter 2008


Mais vale tarde...
Atletas de renome como Naide Gomes, Rosa Mota, Francis Obikwelu, João Pinto, Paulo Sousa (foto, clicar para ampliar), Nuno Delgado, Pedro Lamy e outros participaram na iniciativa Calendário Karacter 2008, cujos fundos revertem a favor da Associação Sol - Apoio às Crianças VIH/SIDA, uma organização que faz agora 15 anos. Em anos anteriores foram apoiadas as instituições Abraço, Oikos e Fundação do Gil.
Fui convidado a participar numa sessão para a fotografia de Março, uma Última Ceia multi-cultural e algo surrealista, foi uma experiência especial!
O calendário está à venda (10 euros) na Karacter Models, Rua do Crucifixo 86-2º-esq, 1100-184 Lisboa, tel. 213408080, na Associação Sol, Rua Pedro Calmon 29, 1300-455 Lisboa, tel. 213625771/2 e nos Centros Comerciais da Sonae Sierra.
Mais umas imagens em http://vitaminay.blogspot.com/, post de 19 de Dezembro 2007.

09/01/2008

06/01/2008

Luiz Pacheco (1925 - 2008)


"Somos cinco numa cama. Para a cabeceira, eu, a rapariga, o bebé de dias; para os pés, o miúdo e a miúda mais pequena. Toco com o pé numa rosca de carne meiga e macia: é a pernita da Lina, que dorme à minha frente. Apago a luz, cansado de ler parvoices que só em português é possível ler, e viro-me para o lado esquerdo: é um halito levemente soprado, pedindo beijos no escuro que me embala até adormecer. Voltamo-nos, remexemos, tomados pelo medo de estarmos vivos, pela alegria dos sonhos, quem sabe!, e encontramos, chocamos carne, carne que não é nossa, que é um exagero, um a-mais do nosso corpo mas aqui, tão perto e tão quente, é como se fosse nossa carne também: agarrada (palpitante, latejando) pelos nossos dedos; calada (dormindo, confiante) encostada ao nosso suor.
(....)
Desde que estamos aqui, estudámos, experimentámos várias posições para nos ajeitarmos a dormir melhor: ora todos em fileira, ao lado uns dos outros, para a cabeceira da cama, ora distribuidos como agora, três para cima, dois para baixo, ou, então, com um dos miúdos (a Lina ou o Zé) atravessados a nossos pés. E havia, ainda, o problema da colocação ou das vizinhanças: eu e a Irene num lado e os miúdos noutro, ou nós no meio e eles um de cada lado, isto com insucessos, preferências, trambolhões cama abaixo, muitos pontapés, mijas, rixas, complicações de familia, favoritismos e ciumeiras e choros e berraria
às vezes, resolvidos em familia entre risos e lágrimas, bofetões, beijos; decomposturas, carícias leves... Também na cama as posições variavam conforme o frio ou o calor, conforme, principalmente, o frio ou o calor que fazia na cama, pois os cobertores, às vezes, eram convocados (um, ou dois) à pressa, num afã de salvação pública (nossa) e seguiam com destino incerto. Depois, não havia trapada pelas gavetas que chegasse para os substituir, e até jornais, são óptimos, ramalham duma maneira estranha, apreciada pelos vagabundos que têm sono e frio. A verdade é esta: o frio não entrava connosco!"
(Luiz Pacheco em "Comunidade", 1964; edição limitada em serigrafia deste texto com pinturas de Cruzeiro Seixas, Perve Global - Lda. 2007 (410 ex.), a ver em http://www.almedina.net/mall/almedina/Livros/indices/9780000060549.pdf)

03/01/2008

"Drákula" pela Companhia do Chapitô


Já estreia para a semana. Desta vez não entro. Fiz assistência ao John e dei uma mãozinha na banda sonora. De fora é tudo mais claro e divertido. Foi o espectáculo onde me ri mais durante a criação.
Quem quiser ver em Lisboa tem de ser mesmo entre 10 de Janeiro e 2 de Março. Depois andará em digressão.