26/07/2008

Revival: Roxy Music



Matei muitas saudades (e incomodei provavelmente a minha vizinha de baixo, colocando o volume do televisor bem alto) hoje de madrugada: entre as 2 e as 4 a RTP transmitiu um concerto live dos Roxy Music em Londres 2001 (trigésimo aniversário da banda) com 20 temas das várias fases do percurso do grupo.
Para mim os primeiros álbuns, editados em 1972 e 1973 foram os melhores: "Roxy Music", "For your pleasure" e sobretudo "Stranded" com "Mother of Pearl" e "A Song for Europe", ainda tenho um songbook dactilografado (capa na imagem) com as letras dos temas destes álbuns, agora deve ser um collector's item.

Aqui acima o vídeo de "Mother of Pearl" na versão do concerto em Londres 2001, letra em: http://www.lyred.com/lyrics/roxy+music/stranded/mother+of+pearl/

"A Song for Europe", para mim um dos melhores temas de sempre dos Roxy Music, pode ser ouvido em http://www.lastfm.pt/music/Roxy+Music/+videos/+1-QcQ9Lq362f8 (não encontrei outra versão, o "vídeo" é horrível e no final vem como bonus uma canção de Edith Piaf!)
Aqui a letra:

Here as I sit at this empty café thinking of you,
I remember all those moments lost in wonder that we'll never find again.

Though the world is my oyster, it's only a shell full of memories.
And here by the Seine, Notre Dame casts a long lonely shadow.
Now only sorrow, no tomorrow, there's no today for us,
nothing is there for us to share than yesterday.

These cities may change but there always remains my obsession.
Through silken waters my gondola glides and the bridge, it sighs.
I remember all those moments lost in wonder that we'll never find again.
There's no more time for us, nothing is there for us to share but yesterday.

Ecce momenta, illa mirabila
quae captabit in aeternum memor.
Modo dolores sunt in dies,
non est reliquum verum tantum,
communicamus perdita.

Tous ces moments perdus dans l'enchantement qui ne reviendront jamais.
Pas d'aujourd'hui pour nous, pour nous il n'y a rien a partager sauf le passé.
Tous ces moments perdus dans l'enchantement qui ne reviendront jamais,
jamais, jamais, jamais, jamais....



Especialmente recomendado a todos aqueles que andam obcecados pela União "à Força" Europeia ratificando Tratados e Tratados e mais Tratados....

24/07/2008

Eneagrama



Hoje experimentámos nos ensaios fazer improvisações com base nos tipos do Eneagrama. É uma ferramenta maravilhosa em teatro, para construção de personagens.
É pena haver tanto lixo informativo na net e não dar para recomendar sites ou testes específicos.

16/07/2008

Ameaça


Vivo num modesto prédio na freguesia de São Domingos de Benfica com vista para o Alto dos Moinhos.
Da minha janela vejo:
- a ruina de um dos moinhos,
- um declive verde (amarelado no Verão) que faz bem aos olhos,
- com alguns gatos-bravos e com lagartixas coladas a um paredão nos dias de canícula,
- com um jardim de hortaliça ilegal (ilegal é o jardim, não a hortaliça), onde trabalham um velhote e um deficiente mental (familiar ou não, não sei, não interessa) numa empatia que é emocionante para ver (parece um filme de Fellini...),
- com uns sacos de plástico esfarrapados (manchas brancas na foto, clicar para ampliar) a fazerem de espantalhos.
Hoje fui fazer uma acção de música em Abrantes para a Fundação do Gil, voltei agora e abrindo os estores reparo que a vista já não é a mesma: apareceu lá como "poluição horizontal" um gigantesco guindaste cor-de-laranja. A última vez que vi guindastes da minha janela foi na Rua de São José, quando começaram a construir o Forum Tivoli na Avenida da Liberdade. Guindastes acompanhados de ruídos de berbequins das 7 da manhã até às 7 da tarde... Aguentei quase dois anos, depois fugi para a rua onde moro agora. Será que vou ter de fugir outra vez!?

14/07/2008

Filosofia na Estação de Metro "Parque"


Raramente faço paragem na estação de metro "Parque" em Lisboa, mas na semana passada aconteceu duas vezes: tinha que renovar a minha Autorização de Residência em Portugal e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) fica lá perto.
Subindo as escadas rolantes reparei em duas frases nos azulejos:
"É preciso muito caos interior para poder parir uma estrela que dança" - Friedrich Nietzsche;
"A ética é estar à altura do que nos acontece" - Gilles Deleuze.
Reflectindo um bocado achei que ambas as frases têm a ver com a vida do artista em Portugal:
- a frase de Nietzsche (na inscrição no Metro Parque falta a letra "s": "Nietzche") é uma belíssima descrição do processo criativo;
- a frase de Deleuze lembrou-me naquele momento a minha condição de músico - profissional liberal - intermitente - imigrante em Portugal: além do passaporte, do cartão de residência prestes a caducar e das duas fotografias tipo passe, eu tinha de apresentar (segundo a Lei 23/2007):
- comprovativo dos meios de subsistência;
- comprovativo de que disponho de alojamento;
- requerimento para consulta do Registo Criminal pelo SEF;
- certificado de conhecimento de português básico.
E "last but not least": "para verificação do cumprimento das obrigações fiscais e perante a Segurança Social, deverá ser feita consulta interna às bases de dados das referidas entidades".
Ou seja: "o que me aconteceu" foi que tinha de desistir da minha luta de "Dom Quixote Intermitente" (post "Anacruses", 5 de Junho 2007) e pagar já todos os meus encargos sociais em atraso.
E assim entrei no dia seguinte como imigrante obediente por intimidação nas instalações do SEF com uma pasta cheia de papéis. Meia hora depois já tinha o meu documento renovado na mão.
Descendo as mesmas escadas rolantes do metro Parque reparei numa outra frase nos azulejos, desta vez em francês e atribuida ao filósofo "pré-socrático"(!) e pai da dialética Heráclito de Éfeso (540 - 470 a. C.):
"C'est par la musique qu'a commencé l'indiscipline!".
Toma-lá!

13/07/2008

Agora eu era

Comecei esta semana a encenar o próximo espectáculo para a infância da Companhia do Chapitô.
Este tempo verbal onde vale tudo foi utilizado por todos nós para sermos o que quiséssemos. E não o poderemos utilizar em adultos para o mesmo fim?

Agradecem-se contributos dos vossos "agora eu era..."

07/07/2008

"Baba O'Riley" - The Who (1971)

Para matar algumas saudades da juventude....

Ideia inovadora foi a transição (no final do tema) do hard rock para ambiente de folk irlandês com aquele solo de violino.

Aqui a versão original em karaoke, pois (infelizmente, ao meu ver) em concertos ao vivo o violino foi substituido pela harmónica de Roger Daltrey ( http://www.youtube.com/watch?v=hKUBTX9kKEo ).

Uma versão que deve agradar ao colega "Tubofone" - Fernando é do "Blue Man Group", http://www.youtube.com/watch?v=Y_Y26JNd3g4, mas aqui custa um bocado ver como o piano é maltratado...

"Gli Amanti Azzurri" - Marc Chagall (1887 - 1985)



Porque ele faz anos hoje, onde quer que esteja...

06/07/2008

O Grande Criador em Cangas (Vigo)

Logo à noite mais um espectáculo d'O Grande Criador,  incerido na XXV MUESTRA INTERNACIONAL DE TEATRO DE CANGAS.
Até já.

04/07/2008

Super Mariza - uma nova Papisa!?



A publicidade à volta do novo álbum "Terra" (título abrangente) da fadista Mariza começa a assumir contornos quase religiosos, para não dizer messiânicos. No suplemento "Ípsilon" do jornal "Público" de 20 de Junho foi tema da capa com grande destaque: sete páginas, quase um metro quadrado de papel em tons de preto, cor-de-púrpura e vermelho com três imagens da cantora em formato A3.

Como estrangeiro não me atrevo a pronunciar-me sobre o fenómeno "Fado" (simplesmente não o compreendo). Não questiono as qualidades vocais da fadista Mariza (mas sempre achei a voz polida e fria, não gosto do "r" muito rolado da "Rrrosa ao peito", gosto mais de vozes quentes como Camané ou Mísia e que tal um fado com uma voz tipo Rufus Wainwright ou, melhor ainda, Tom Waits!?), mas questiono sim o circo mediático à volta da sua presença que parece estar a ultrapassar a sua própria pessoa (ou "persona", como diz o crítico do "Público"). Aparecem frases como: "Sinto-me como um veículo que transporta a cultura, a história e a música de um povo" e "A palavra verdade está presente em tudo o que faço" ("Metro", 16 de Junho) e em consequência: "Deixei de ter vida privada, há pessoas que passam para o segundo plano, à frente está a música, com a projecção global já não há margem para erros" (suplemento "'Ipsilon").

Isto é de arrepiar e tem pouco a ver com a Mariza da Mouraria, parece-me.

Será que o "Gato Fedorento" foi profético no sketch "Super Mariza" do ano passado, a ver em http://www.youtube.com/watch?v=IW5JpH2gkwA !?

(foto: Pedro Elias - "Público")