Vivo num modesto prédio na freguesia de São Domingos de Benfica com vista para o Alto dos Moinhos.
Da minha janela vejo:
- a ruina de um dos moinhos,
- um declive verde (amarelado no Verão) que faz bem aos olhos,
- com alguns gatos-bravos e com lagartixas coladas a um paredão nos dias de canícula,
- com um jardim de hortaliça ilegal (ilegal é o jardim, não a hortaliça), onde trabalham um velhote e um deficiente mental (familiar ou não, não sei, não interessa) numa empatia que é emocionante para ver (parece um filme de Fellini...),
- com uns sacos de plástico esfarrapados (manchas brancas na foto, clicar para ampliar) a fazerem de espantalhos.
Hoje fui fazer uma acção de música em Abrantes para a Fundação do Gil, voltei agora e abrindo os estores reparo que a vista já não é a mesma: apareceu lá como "poluição horizontal" um gigantesco guindaste cor-de-laranja. A última vez que vi guindastes da minha janela foi na Rua de São José, quando começaram a construir o Forum Tivoli na Avenida da Liberdade. Guindastes acompanhados de ruídos de berbequins das 7 da manhã até às 7 da tarde... Aguentei quase dois anos, depois fugi para a rua onde moro agora. Será que vou ter de fugir outra vez!?
5 comentários:
Pois é meu caro Rini, tens de começar a pensar em mudar outra vez tal...
"...em mudar outra vez TAL"!?, não entendo, Rui.
Alías, provavelmente não vou ter muito tempo para olhares contemplativos da minha janela nos próximos tempos...
Talvez te lembres, Rui, que logo depois da última representação da opereta juvenil "A Fábrica do Nada", quase todos os músicos do elenco fizeram audição para o musical "Cabaret" (Teatro Maria Matos). Ninguém de nós ficou, mas agora (a duas semanas do início dos ensaios!) o director musical decidiu que afinal é preciso um acordeonista e o encenador Diogo Infante, para grande surpresa minha, mandou-me chamar.
Só que na semana passada(!) fiz um contrato valioso (oral, felizmente) por tempo indeterminado com uma empresa de turismo em Sintra que me vai proporcionar muito trabalho lá. O que fazer!?
Hoje ao fim da noite, depois de uma actuação no "Café Paris", lá em Sintra, ainda passei pelo bar do Chapitô para dar os parabéns a Ana Lúcia Palminha, a vencedora do concurso "À procura de Sally" (protagonista do musical "Cabaret", a actuar lá no grupo "Tea for two").
Mais pressões do pessoal do musical aí presente para eu entrar no "Cabaret", o que fazer, pá!?
Dois empregos part-time e um emprego full-time na canícula de Agosto, isto é muita fruta para um pequeno artista cinquentão!
Ajudem-me, por favor!
ah, trocadilho?
outra vez tal (vez)!?
trocadilho tipo lunfardo: talvez - vez tal, como tango - gotan (Gotan project)...
Bem, já tomei a decisão em relação ao "Cabaret": seria uma loucura...
A produção deu-me a versão em francês (mais próximo do português): 30 músicas, quase todas com variadíssimas mudanças de tonalidades, ritmos e dinâmicas. Não há hipótese: só trabalhando nisso em regime de exclusividade e ouvindo diariamente as músicas durante uns meses (como podiam fazer os músicos que foram escolhidos logo em Março...) para ter as estruturas na cabeça no início dos ensaios.
Não posso dar essa exclusividade, nem tive o período de preparação que tiveram os outros.
Pena, fica para a próxima...
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