A indústria discográfica foi a grande responsável pela universalização da música. Poderia ter sido um factor positivo se tivesse correspondido proporcionalmente às manifestações musicais geradas pelas mais variadas culturas durante o século XX. Porém, o resultado parece ter sido a crua globalização do mercado numa clara estratégia de uniformizar estéticas e gostos com o objectivo óbvio da criação de monopólios de mercado.
O gosto musical, como qualquer outro, depende do contexto e do universo cognitivo de cada indivíduo. Se algo padronizar, restringir e condicionar esse universo estará a cometer um atentado terrorista contra o principio da individualidade e da liberdade do Ser Humano.
É certo que existiram ao longo da História inúmeros energúmenos com poder que condicionaram estéticas, mas nenhum com o objectivo de manipular e padronizar o gosto de forma a controlar um mercado e a globalizá-lo.
Já não se trata de populismo mas sim de terrorismo estético, à escala mundial, com claras características “articidas”, que se têm revelado eficazes a verificar pelas preferências de consumo.
O Mercado hoje pega nas manifestações socias e artísticas e transforma-as num produto, numa marca ou numa moda . Começou a ser escandalosamente notório com o movimento Hippie e desde então tem-se requintado nas formas de deturpação e usurpação de qualquer ideia ou manifestação artístico-social. Em vez das máquinas de tortura da velha inquisição temos agora os electrodomésticos, o pronto a vestir, o fast food e o easy listening. É o “stop thinking” que, em vez de nos torturar o corpo, nos vai derretendo o cérebro e corrompendo o espirito.
Das manifestações artísticas restam apenas os símbolos. A contestação torna-se um produto. O alternativo também. O marginal também. Qualquer coisa.
Resta-nos o nada. Resta-nos o silêncio.
Ou será que um dia também nos vão vender o nada e o silêncio?
O gosto musical, como qualquer outro, depende do contexto e do universo cognitivo de cada indivíduo. Se algo padronizar, restringir e condicionar esse universo estará a cometer um atentado terrorista contra o principio da individualidade e da liberdade do Ser Humano.
É certo que existiram ao longo da História inúmeros energúmenos com poder que condicionaram estéticas, mas nenhum com o objectivo de manipular e padronizar o gosto de forma a controlar um mercado e a globalizá-lo.
Já não se trata de populismo mas sim de terrorismo estético, à escala mundial, com claras características “articidas”, que se têm revelado eficazes a verificar pelas preferências de consumo.
O Mercado hoje pega nas manifestações socias e artísticas e transforma-as num produto, numa marca ou numa moda . Começou a ser escandalosamente notório com o movimento Hippie e desde então tem-se requintado nas formas de deturpação e usurpação de qualquer ideia ou manifestação artístico-social. Em vez das máquinas de tortura da velha inquisição temos agora os electrodomésticos, o pronto a vestir, o fast food e o easy listening. É o “stop thinking” que, em vez de nos torturar o corpo, nos vai derretendo o cérebro e corrompendo o espirito.
Das manifestações artísticas restam apenas os símbolos. A contestação torna-se um produto. O alternativo também. O marginal também. Qualquer coisa.
Resta-nos o nada. Resta-nos o silêncio.
Ou será que um dia também nos vão vender o nada e o silêncio?
12 comentários:
sim, acredito que brevemente vamos pagar pelo silêncio, pelo ar puro, por água potável e por podermos pensar por nós próprios...
Concordo com @ anónim@ das 12:36 mas acho que também pagaremos para que alguém pense por nós...
É por isso que a Natureza (ou Deus se quiser) decidiu punir o Homem pela sua Altivez: o aquecimento global já é irreversível (ao contrário das opiniões arrogantes de muitos cientistas, ligados ao grande Capital).
Degelos Polares, Novos Dilúvios e Períodos Glaciares não se vão fazer esperar por muito mais tempo, como dizem e muito bem os Franceses: "Après nous le Déluge!"
É que vai ser mesmo!
Mais uma razão para votar "Sim" no referendo sobre o Aborto.
Plenamente de acordo. "in a perfect world..." Os Euros e os Dólares não deviam reger manifestações artísticas ou sociais. "but sadly..." they do.
a mão direita o dolar e a mão esquerda o euro... será?
a musica é das artes mais massacradas no binómio $$/consumo, só muito de vez em quando aparece algo de qualidade no meio de tanta trapalhada...
até o conceito indie e underground se transforma e torna-se cada vez mais numa estetica mainstream de venda, até nada de mais, ou nada de mal só que a maior parte das vezes isso corresponde a um grande decrescimo de qualidade em todos os aspectos
só resta mesmo fazer coisas à margem, mal pagas e com pouco público, não pagam contas mas dá muito prazer...
caro tl,
exactamente. a partitura da lei do vale tudo...
caro indigente,
concordo. só que mesmo fazendo essas coisas que nos dão prazer, não deixamos de levar com todo o lixo musical que nos invade inevitávelmente o dia-a-dia.
muito bem.
Resta-nos também passar por aqui e recorrermos à vossa farmácia.
Ou assistir aos vossos espectáculos.
Ou somente olhar para as coisas de outro prisma...
continuem com a boa disposição e o refinado humor musical.
o capitalismo tem sabido fazer isso com mestria, e não apenas no domínio artístico: integra os elementos anti-sistema, de modo a manter o sistema. A coisa estende-se a campos "vulgaríssimos" (menos "nobres" do que o exemplar caso dos hippies ou de todos os movimentos "contraculturais"):
a) os partidos que fazem luta supostamente anti-capitalista, no estrito cumprimento... das regras capitalistas;
b) os "fulanos" que vão à tv dizer mal da tv;
c) as "benesses" dadas à "classe média" para lhe criar a ilusão dos privilégios, com que ajuda a perpetuar o sistema...
Ai meu Deus, que isto não tem jeito!
"Resta-nos [...]o silêncio"?!
"Resta-nos a palavra", poetava Blás de Otero, cantavam os Aguaviva.
resta-nos uns aos outros...
é isto mesmo. é cada vez mais dificil sair do sistema imposto sem se ser semi-eremita. também acho que a natureza se vai encarregar de inverter este sentido.
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