11/01/2007

Contraceptivos musicais e doenças musicalmente transmissíveis

O Post anterior levantou-me muitas dúvidas sobre a questão dos contraceptivos musicais e das doenças musicalmente transmissíveis.

O que é o contraceptivo musical?
Pela lógica será algo que se toma e que impede a fecundação de qualquer tipo de ideia musical, podendo adquirir também a vertente de “pílula do dia seguinte”, matando a ideia musical gerada na véspera.
Mas existem também meios de contracepção unicamente com o intuito de prevenção de doenças musicalmente transmissíveis, que são os chamados preservativos musicais. Estes poderão tomar a forma de tampões de silicone, prevenindo assim a escuta apurada de musicas nocivas para a saúde ou de níveis de decibéis inaceitáveis, mas também a forma de musicacida (segundo a etimologia é o que mata as musas ou o que lhes diz respeito) matando os efeitos nocivos de uma música ouvida ou criada.

E o que são as doenças musicalmente transmissíveis ?
Pela mesma lógicas são enfermidades que se contraem através de contacto musical.
Poderão existir na forma de vírus musical; um agente sonoro infeccioso inerente a certas doenças musicalmente contagiosas, sem metabolismo independente e com capacidade de reprodução apenas no interior das células hospedeiras musicalmente vivas.
Mas também existirão na forma de bactéria musical que consiste num microrganismo unicelular sonoro sem harmónicos, que vive no mundo binário, nos computadores, nas discotecas, mas também na radio e na televisão, sendo responsável pela decomposição de substâncias musicalmente orgânicas e pela propagação de doenças musicais.

Esta problemática levanta-nos várias questões:
Sofrerão os surdos de infertilidade musical ? e serão eles imunes a doenças musicalmente transmissíveis?
Será que ouvindo música muito má (também denominada de aborto musical) estamos a impossibilitar a ideia musical criativa, ficando assim apenas com a capacidade de gerar abortos musicais?
Quais as vias de contágio do gosto musical?
Será que a escuta de vírus e bactérias musicais, em doses reduzidas, nos faz criar anticorpos?
Como fazer vacinas musicais? E homeopatia musical?
O que é o viagra musical?

Complexo!

Eu conheço uma imunidade às doenças musicalmente transmissíveis: Fazer e ouvir música de qualidade (passo a falta de humildade)
E conheço também um tipo de contraceptivo musical do tipo que impossibilita a fecundação da ideia musical que é estar para aqui a perder tempo com posts em blogues em vez de ir trabalhar.

18 comentários:

Anónimo disse...

Oi rui, rini e mota,

Estão bons ?! É um prazer encontrá-los aqui na blogosfera. Almoçei ontem com o mota e ele relembrou-me do vosso blog (já tinha cá passado antes do natal). Já ví que está muito participado e clínico-científico e portanto adequado à minha (de)formação. vou voltar !

Peço desculpa por ainda não comentar o teu post, por acaso muito interessante. tenho que sair (que stress).

um abração
xico

Anónimo disse...

Muito bem-vindo, Exmo. Dr. Xico, consigo entrou um Cientista de Peso no espaço Anacruses, estamos impacientemente à espera das suas importantes observações e opiniões!

Anónimo disse...

Deveras um vasto leque de questões que você põe na mesa, caro Rui.
Como costuma dizer o Sr. Duarte ZigZag no meu programa de T.V. favorito "As Pistas da Blue": "Vamos sentar-nos na Cadeira de Pensar e...pensar!"
Pegando na sua última frase, não considero de modo algum perdido o tempo que você dedicou à concepção deste post, isto vai dar pano para mangas!
Aliás, você podia às 2:13 de madrugada (hora do seu post) começar a martelar o piano?!? Que privilégio! Às vezes eu quero tocar uma modinha no acordeão às 22:01 horas e logo as paredes começam a tremer debaixo dos punhos cerrados dos vizinhos. Mais uma razão para mudar de casa, além das dimensões da minha janela (já referidas num comentário ao post "A genialidade do Simples..." de 12-12-2006). Em contrapartida, eu não posso interpor nenhuma acção
legal quando aqueles mesmos vizinhos tocam e berram às 8 de manhã dez vezes seguidas a mesma música de Roberto Carlos, com certeza debaixo do chuveiro (julgando a ressonância)! Eu sei que este cantor brasileiro tem a sua popularidade neste país e possivelmente até entre leitores deste blogue, por isso hesito em aplicar o rótulo "Aborto Musical" a ele (também já não tem idade para isto). Facto é que esta "música" (ainda por cima repetida, uma espécie de tortura chinesa) funciona para mim como um contraceptivo musical involuntário, até tenho receio que a médio ou longo prazo possa provocar a minha impotência musical.
Olha, caro Rui, mais um assunto para este post. Se calhar temos de invocar uma opinião cientifica?

Rui Rebelo disse...

bem vindo caro xico,
vai aparecendo e participando. estamos a precisar de apoio sobre manipulação genética musical.
A tua de(formação) é bem útil por estas bandas.

Caro Palhaço do Xadrez,

É verdade que não posso martelar no piano (que está deveras desafinado) às 2:13 da madrugada, mas tenho um computador, equipado com software musical, um teclado midi e uns headphones que me fazem ganhar a vida. Portanto este blogue indutório de procrastinação aguda, adquire muitas vezes a função de contraceptivo musical.
A questão da impotência musical não foi abordada neste post mas ficou subentendida com a questão do viagra musical.

Precisamos urgentemente de convocar uma reunião do conselho cientifico para que os nossos especialistas se debrucem sobre estes assuntos. É necessário que se faça mais investigação cientifico-musical aqui no anacruses, para que se descubram respostas a estas questões e curas para doenças musicalmente terminais.

Anónimo disse...

Como é que se farão testes de gravidez musical?

Anónimo disse...

Muito, muito bom! parabéns

Anónimo disse...

Pois, mas é pena que a medida adiantada para a imunidade às doenças musicalmemte transmissíveis não possam ser aplicada aos surdos.......
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nem de ouvido nem de espírito!
Abraço

Nídia disse...

ahhhhhhh finalmente percebi-te... acho eu! Fiquem bem.

Anónimo disse...

obrigado Rini e Rui,

Eu gostaria de eventualmente clarificar alguns termos utilizados para ajudar aqueles que estão mais distraídos.

Por favor não confundir nunca,
ESTERILIDADE MUSICAL, INFECUNDIDADE MUSICAL E
IMPOTÊNCIA MUSICAL

passo a explicar,

1-ESTERILIDADE MUSICAL, é a incapacidade de um ser vivo procriar musicalmente, i.e, de criar progenia musical, de outra forma, filhos musicais ou simplesmente obras musicais.
Esta pode ser congénita, consequência de uma doença ou acidente, ou provocada intencionalmente - ESTERILIZAÇÃO MUSICAL. Esta última accção é muito útil quando aplicada precocemente pois evita a realização de abortos musicais e consequente manipulação de pautas amarfanhadas, ficheiros silenciosos e até discos rígidos moribundos).

2-INFECUNDIDADE, é a não procriação musical. O INFECUNDO é aquele que não cria música. (eu, por exemplo! Acho que não sou infértil (...) apesar de nunca ter feito uma contagem de notas e muito menos de acordes no meu sémen musical (encontra-se numa pequena vesícula, algures perto das cordas vocais, por vezes denominada maçã-de-canção).

3-IMPOTÊNCIA MUSICAL, Incapacidade do ser vivo de praticar o acto musical. É de salientar que neste caso também existem mulheres MUSICALMENTE IMPOTENTES. Em linguagem jurídica, representa também a impossibilidade, praticando o acto musical, de gerar uma obra musical. Eu, por exemplo, consigo praticar o acto musical socorrendo-me de objectos/toys eroticomusicais (e.g, VIBRAFONE) mas não consigo criar OBRAS MUSICAIS. Gostaria de frisar que acredito piamente que sou apenas infecundo e nunca estéril e muito menos impotente!! Foi recentemente introduzido no mercado o VIAGRAMOPHONE (da multinacional PFIZERSOM) que permite aos impotentes musicais corrigir temporariamente esse distúrbio. No entanto para uma recuperação quase total da potência musical (em apenas 76% dos casos) é necessário acompanhar a terapêutica com a manipulação de instrumentos de sopro, tais como sexofone, trombadofone, etc, e de percussão, de preferência bumbum em cadência ritmada.

Fico por aqui e espero que estejam mais bem informados. Só assim é possível fazer escolhas conscientes.

Dr. xico

Anónimo disse...

mais um termo ainda não definido e de óbvia importância.

4- ERECÇÃO MUSICAL, aumento de volume e endurecimento de orgãos de tubos ou outros instrumentos erécteis (e.g, pianis, clíticórdios, maramilos, etc). A erecção musical prolongada, tal como se verifica nos orgãos de tubos que acompanham o canto gregoriano, provoca quebras de tensão musical e fadiga crónica. A terapêutica adequada é a toma de apenas 2 acordes: ao almoço TÓNICA e ao jantar DOMINANTE durante pelo menos 2 semanas. Esta terapeutica pode ter como efeitos colaterais a já referida IMPOTÊNCIA MUSICAL, muito desejada e prescrita mas raramente seguida pelos monges do canto gregoriano.

Dr. Xico

Anónimo disse...

GENIAL!!!
Fiquei fã...

Rui Rebelo disse...

Caro Xico,

Muito Obrigado pela tua exposição cientifica. A tua forma mais académica de abordares esta problemática complementa o conhecimento mais empírico dos especialistas do Anacruses, o Dr. Contratempos e o Dr. Partituras.
Penso que seria produtivo se fizesses um pequeno estágio no nosso Consultório para te inteirares dos procedimentos logísticos e deontológicos e do funcionamento da dinâmica da terapêutica utilizada. O teu aconselhamento académico pode vir a ser precioso.
Pessoalmente, e não sendo especialista, acho que a esterilidade e a infecundidade são basicamente a mesma coisa. Quanto à erecção musical pensava que ela se devia apenas às ideias musicalmente excitantes e se processava unicamente no cérebro. Desconhecia esse fenómeno físico que descreveste.
Gostava que nos falasses um pouco de genética musical. O próprio do ADN musical.

Um abraço,

rui

MCA disse...

Interessante... talvez ainda possa fazer uma tese sobre isso. Ao menos, talvez se conseguisse ler.

main mense disse...

Caro Rui...
Gostei muito da sua ideia de aborto musical e intelectual. E gostei muito do seu blog.
Sou um grande partidário da interrupção voluntária da criação ou IMC se quiser e para ser mais actual. Na verdade cada vez mais temos vindo a assitir a práticas constantes de não interrupção da criação e os resultados têm sido desastrosos. Felizmente que as fontes de criatividade não se esgotam e os recursos são cada vez maiores, permitindo assim alternativas que nos bombam oxigénio para o cérebro e nos fazem acreditar que a condição humana também passa pela sua capacidade de se exprimir artisticamente, nomeadamente através da mais enigmática, universal e original forma de arte - a música.
No entanto as questões que levanta não passam apenas por um simples momento de abortar ou interromper ou ainda previnir a concepção.
A voluntariedade e a involuntariedade são os trunfos do baralho que condicionam a excelência ou mesmo a viabilidade de uma obra artística e o mais interessante é que nós não conseguimos controlar. Por exemplo, no momento da criação surge uma vontade incontrolável de ir à casa de banho. Será essa vontade voluntária ou involuntária? Á primeira impressão será involuntária, mas não poderemos considerar isso um sinal divino para repensarmos o nosso trabalho? ou um espasmo corporal indicativo de que a obra tem de ser repensada? ou mesmo uma resposta do nosso subconsciente afirmando para não ir por esse caminho. Se assim for passa a ser voluntária a interrupção, mesmo que incontrolável.

Rui Rebelo disse...

caro main mense,
Obrigado pelo seu comentário.

Agradeço também as suas questões pertinentes relativamente à (in)voluntariedade.
São estas prestações que nos fazem evoluir o discurso e o desenvolvimento cientifico-musical do anacruses.

um abraço

Anónimo disse...

proponho post sobre o genocidio musical, que a industria musical inglesa e americana têm cometido.

Anónimo disse...

boa boa

Anónimo disse...

que texto bacana