31/07/2007

Vélorution!


(Estou em maus lençois....
Convidei a minha família na Holanda a acompanhar a minha digressão musical de Verão através deste blogue, mas aconteceu o impensável....
A minha irmã, católica devota (até organiza peregrinações marianas), viu o post "El Jueves" (27 de Julho), assinado pelo irmão supostamente bem-comportado, com aquela caricatura irreverente dos Príncipes das Astúrias. Ela não percebe português, mas neste caso também não faz muita diferença: profundamente chocada, ela mandou-me imediatamente uma severa mensagem de reprovação.
E agora, o que vou fazer? Uma tentativa desesperada de lavar a imagem!? Aiaiai...)
Há 15 dias o Presidente da Câmara de Paris, Bertrand Delanoë, lançou o programa " Velib' ", a democratização do uso da bicicleta.
Mediante pagamento de uma assinatura de 29 euros por ano (ou 1 euro por dia, ou 5 euros por semana) o cidadão tem o direito de usar gratuitamente uma bicicleta ("vélo" em francês). Vai haver 1400 pontos de aluguer, um em cada 300 metros e o objectivo é haver 20.000 bicicletas a circular até Janeiro de 2008. Paris já dispõe de uma rede de ciclovias de 370 quilómetros, por isso o programa pode dar uma contribuição importante ao combate à poluição na capital francesa.

Férias.



Finalmente Férias!!!

Depois de um ano de estúdios, estradas e linhas aéreas, finalmente chega o merecido descanso. Quinze dias para recarregar baterias.

Vou com a saborosa lembrança deste último espectáculo em Mérida e do seu sucesso que dará bastantes frutos num futuro próximo.

Apesar de férias sozinho com crianças significar muito trabalho, não deixam de ser férias e de nos colocar num biorritmo muito mais pacífico e saudável, fundamental para o impulso criativo.

Até já...

30/07/2007

Canícula III - Intercidades Fundão - Santa Apolónia

Viagem de regresso a Lisboa às 15.17 h no domingo.
Na estação de Fundão não há funcionários da CP para vender bilhetes, compram-se no comboio.
Só que o comboio é um intercidades e o revisor manda todos os passageiros sem bilhetes pré-comprados (entre os quais pessoas idosas com bagagem) para a última carruagem, a única sem lugares marcados. Uma pequena romaria dentro de um comboio sem sistema satisfatório de ar condicionado num dia de canícula. Imagino a situação no (último) comboio de 18.21 h, sem dúvida muito mais cheio...
Um apelo ao Sr. Provedor do Cliente da CP!

Canícula II - Terras do Xisto


O concerto na relva da praia fluvial do Rio Zêzere (na foto o soundcheck) começou à meia noite e foi uma festa.
A vantagem de não haver um palco elevado do chão: mais próximidade do público, uma menina turca executou uma dança do ventre perfeita em volta do nosso tocador de darbuka.

Canícula I - A Máquina Infernal


O último concerto da primeira digressão deste Verão da Kumpania Algazarra (a segunda é já na próxima semana: CCB - Lisboa e Ilha Terceira - Açores) levou-nos à aldeia de Janeiro de Cima (Semana Cultural das Terras do Xisto).
Transportes da ida: uma carrinha da Câmara Municipal de Fundão e a "Máquina Infernal" de um colega músico, um imponente sedan Lancia Dedra recém adquirido.
Adversidade: um dia de autêntica canícula, 40 graus ou mais no asfalto.
Resultado: perto de Castelo Branco, uma coluna de fumo negro que (na foto) ficou estrategicamente fora da imagem (como também ficou a cara do nosso colega condutor, isso para não hipotecar futuras oportunidades de boleia, não tenho carta de condução...) e muito tempo à espera de um reboque e um táxi sem termos uma gota de água para beber...

27/07/2007

El Jueves



Uma questão de solidariedade, o assunto já foi abordado em vários meios de comunicação. Parece que temos um novo caso depois das caricaturas sobre Maomé na imprensa dinamarquesa no ano passado.
Um juiz espanhol proibiu a venda da última edição da revista satírica "El Jueves". Na capa da revista aparecem os Príncipes das Astúrias numa caricatura irreverente, uma alusão aos incentivos à natalidade, anunciados recentemente pelo governo espanhol.
Título: "2500 euros por filho". O Príncipe Felipe de Bourbon diz: "Já imaginaste se ficasses grávida, será a coisa mais parecida com trabalhar que fiz na minha vida".
A Princesa Letízia de Ortiz, de olhos esbugalhados, não diz nada e faz bem.
Pessoalmente não considero esta caricatura uma obra prima, mas como sempre: a proibição chama a atenção. Mais grave ainda: um dirigente da Federação Espanhola de Humoristas Gráficos considerou que a revista "exagerou" na caricatura, defendendo que "a liberdade de imprensa deve ter limites".
Do lado da Casa Real Espanhola nenhuma queixa foi apresentada até agora, parece......

(Caro leitor deste blogue, já reparou!? Abençoado é você, ora brindado com uma belíssima sonata de violino de Beethoven, executada por uma mulher de sonho alemã, ora convidado a pensar um bocadinho sobre o que se passa, mas sempre num tom ligeiro, pois de semblantes carregados o mundo já está cheio)

Feira de Sant'iago - Setúbal




...E logo depois do regresso dos Açores um concerto na Feira de Sant'iago em Setúbal, cidade onde fomos outra vez muito bem recebidos, tal como no nosso concerto do Fim do Ano passado.
O caro leitor pode reparar na variedade dos espectáculos: o nosso ficou "entalado" entre actuações de celebridades como Mickael Carreira e Toy (clicar no programa)...

São Miguel - Açores

(Metade da Kumpania Algazarra por detrás das hortênsias, a praga da Ilha de São Miguel)

Durante a digressão a Kumpania Algazarra em geral não fica hospedada em hotéis com computadores à disposição, por isso nada de relatórios quase em directo como fez o colega Rui em Março a partir de Espanha....
Na nossa pensão em Ponta Delgada não só não havia computadores, até o sabonete na casa de banho faltou! Felizmente eu venho sempre preparado para este tipo de inconvenientes: nos hotéis mais bem equipados eu costumo roubar tudo o que há para roubar nas casas de banho (menos as toalhas, claro, isso não se faz). Tenho uma pequena colecção de sabonetes, pentes, toucas de banho, escovas de sapatos, provenientes de hotéis de Portugal inteiro, dão sempre jeito.
Esta pensão em Ponta Delgada tinha outra particularidade. Normalmente os hotéis têm um cartão para pendurar na maçaneta da porta: um lado verde com o texto: pode arrumar o quarto, um lado vermelho com o texto: não incomodar, por favor.
Nesta pensão o cartão tinha dois lados cor de laranja com o mesmo texto: arrumar o quarto, por favor. Será supérfluo dizer que este cartão não foi usado pelos membros duma banda chamada Kumpania Algazarra.....
Sobre os nossos concertos numa Feira Gastronómica não tenho muito a dizer: estávamos a animar pessoas durante jantares, não é a minha actuação preferida como músico, mas pronto, é trabalho.
Pior foi o que aconteceu ao meu acordeão: chegou à Ilha de São Miguel num estado lastimável, mais do que provavelmente maltratado pelas Groundforces do Aeroporto de Lisboa ainda antes de entrar no avião. Já é a segunda vez e quanto a mim a última, um provérbio holandês reza: nem um burro se magoa duas vezes tropeçando na mesma pedra. Sou burro então....


26/07/2007

Último espectáculo antes das FÉRIAS!!!



Daqui a pouco um saltinho ao Festival Clássico de Mérida para fazer o último espectáculo antes das férias com os filhotes.

Este ano práticamente só fiz espectáculos em Espanha. Contráriamente à polémica saramaguiana da Ibéria, eu sinto que nós é que estamos a tomar conta do mercado performativo espanhol evoluindo para uma Lusitânia Ibérica.

25/07/2007

Anne-Sophie Mutter - Beethoven

Uma bela sonata, uma violinista linda e talentosa a tocar num Stradivarius.

23/07/2007

Noel Rosa

Noel Rosa (1910 – 1937) foi um dos mais importantes compositores e sambistas brasileiros. A sua obra viria a mudar para sempre, não só o samba, mas a história da música popular brasileira.

Nascido com o uso do fórceps, ficou para sempre marcado por uma deformação facial e pela dificuldade constante em mastigar.

Cedo ganhou o gosto pela música e se tornou uma figura conhecida da boémia carioca.
Em 1929, Noel compôs o seu primeiro êxito e nos oito anos seguintes compôs mais de trezentas canções, deixando um espólio pleno de genialidade e criatividade.

Ao que parece compunha por repentes e muitas das suas canções foram resgatadas pelos amigos, escritas em guardanapos de papel ou compostas de improviso.

Viria a falecer em 1937, aos 26 anos, vítima de tuberculose mas sem nunca ter deixado a vida de boémio.

Dizem que o seu primeiro êxito “Com Que Roupa” foi inspirado numa noite em que a sua mãe, para evitar que o frágil filho fosse para a “borga”, lhe escondeu toda a roupa impossibilitando-o de sair de casa.

Aqui fica a versão do Gilberto Gil

País Basco



Começou a digressao de Verão da Kumpania Algazarra com dois concertos no País Basco em Amorebieta e a (belíssima) parte histórica de Durango (ver cartaz, clicar para ampliar). Nomeadamente a última foi uma grande festa em ruas e praças. Muita hospitalidade, participação (não musical mas como apreciadores) num concurso de gastronomia.

Quanto à ideia de "uma Ibéria" (post anterior): ainda há algumas arestas a limar, por exemplo em relação à velocidade máxima para carrinhas na autoestrada (120 em Portugal, 100 em Espanha) que levou na ida, entre Salamanca e Valladolid, a um pequeno encontro imediato com algumas autoridades fardadas. Levaram logo uma parte substancial do nosso cachet, os ##$$%%&&//»»»~~~!!!!.... Na volta as autoridades da fronteira decidiram vasculhar a carrinha à procura de substâncias proibidas, mas não encontraram nada.

Hoje à tarde: a caminho de São Miguel, Açores.

21/07/2007

Ibéria

Nos últimos tempos tenho trabalhado mais em Espanha do que em Portugal e isso tem-me feito sentir que só nos separam duas fronteiras: a da identidade cultural e a da economia. A primeira é inevitável mas a segunda é evitável.
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Ao ler a entrevista do José Saramago só posso dizer que se deveria reflectir sobre este assunto pois está já a acontecer uma Espanha a engolir economicamente Portugal quando se pode caminhar para uma não utópica e bem pensada Comunidade Ibérica.

20/07/2007

But Not For Me

19/07/2007

Le Violon d'Ingres - versão "Anónimo de Setúbal"


Fazer clique nas costas (ela gosta...) para ver melhor.

18/07/2007

Ideias

Começámos hoje a montar a nova peça da Companhia do Chapitô, com o John Mowat. Não sabemos o que vai ser. Estamos a partir do nada e estivemos a tarde toda a fazer chover ideias.



Agora queria ter uma ideia para fazer um post e não consigo. Estou a ver se pesco por aí alguma ideia. Alguém tem alguma sugestão?

17/07/2007

Dia de Portugal 2003



Mais uma vez, caro leitor, tenho de recorrer a um texto antigo para produzir um post. O trabalho abunda para a nossa banda Kumpania Algazarra, uma vintena de espectáculos até finais de Agosto (ver agenda no site www.myspace.com/kumpaniaalgazarra ) , o esforço vai ser grande, vou precisar de muitos litros de nectar tinto para lubrificar as charneiras da velha carcaça... Só nas próximas semanas o trajecto vai ser Lisboa - País Basco - Lisboa - Açores (S. Miguel) - Lisboa - Setúbal - Lisboa - Fundão - CCB Lisboa - Açores (Terceira) etc , uma estrela com muitas pontas .... Não sei se vou conseguir manter um relato em posts, como fez o colega Rui em Março durante o seu périplo pela Espanha. Para já há a questão dos horários de trabalho: o do teatro é mais cedo, quando acaba uma peça de teatro, a essa hora um concerto nosso em geral ainda não começou ....e depois da actuação há sempre muita distracção de todo o género.

Este texto veio-me à memória há dias, quando o Rui observou a meu respeito (num comentário ao post sobre Osvaldo Maggi): "Tu também és um cidadão do mundo, mas como bom holandês pagas impostos, segurança social, renda, etc. e ainda vens aqui refilar contra o que está mal no sistema". É uma carta que escrevi ao Presidente da Câmara de Lisboa, na altura Pedro Santana Lopes, depois de ouvir o discurso do 10 de Junho 2003, proferido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio.

Dia de Portugal 2003

"No seu discurso do dia 10 de Junho o Presidente da República exortou os Portugueses a exibirem um novo patriotismo, baseado em valores democráticos e em autoconfiança. Este discurso também foi ouvido por imigrantes em Portugal , como eu, holandês, profissional liberal na área da música e do ensino, se calhar não tão patriótico, mas para já com muito gosto de viver aqui. No entanto, os tempos mudaram.... Quando cheguei aqui, Portugal tinha aderido à Comunidade Europeia há pouco tempo: Tratado de Masstricht, todos diferentes, todos iguais, um mar de rosas, ou quase.... Agora, mais de uma década depois, na bicha do supermercado eu já não sou olhado como turista do Norte que vem ajudar a economia nacional em expansão, mas antes como trabalhador de Leste (o meu físico dá para os dois), já um bocadinho mais diferente do que igual, efeitos da crise, mas vá lá, há ainda aqueles novos estádios de futebol por acabar antes do fim do ano.... Agora, quanto a autoconfiança e auto-estima, tenho que confessar uma coisa: ando um bocadinho em baixo, não por falta de patriotismo, mas por causa de salários em atraso. Chamando os devedores pelos nomes: o Teatro Municipal São Luiz (Lisboa) deve-me os cachets de três espectáculos com o conjunto Bigodes Band, realizados em Janeiro 2003 e, pior ainda, a Câmara Municipal de Lisboa está a dever-me três meses de salário, correspondente ao 3º trimestre de 2002, quando trabalhei como educador/monitor desporto no Estabelecimento Prisional de Lisboa. É que estou seriamente preocupado: corro o risco de não poder cumprir os meus deveres legais (patrióticas!?) no que respeita a pagamentos de I.R.S. e Segurança Social! Em relação às minhas necessidades secundárias como habitação, vestuário e alimentação estou mais descansado: os sem-abrigo, esfarrapados e esfomeados ainda não foram proibidos por lei, antes pelo contrário: são cada vez mais aceites como fenómenos colaterais da nossa sociedade globalizada. E claro, no meu caso e em última instância: posso sempre voltar ao meu país de origem. Para acabar num tom mais sério: "patriotismo democrático e autoconfiança" são palavras vãs quando não insistimos também em valores como ética, dignidade ou simples decência nas relações entre as pessoas, a todos os níveis."

Pode ter sido coincidência, mas antes do fim do mês ambos os pagamentos foram feitos pela Câmara....

Portugall


Novo mapa de Portugall, apresentado pelo Ministro da Economia e da Inovação, Dr. Manuel Pinho, imediatamente rejeitado pelo Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, Dr. Alberto João Jardim.
Errata:
em vez de Algarve leia-se Allgarve,
em vez de Olivença leia-se Olivença-a-Nossa

Billie Holiday

Billie Holiday (Filadélfia, 7 de Abril, 1915 — Nova Iorque, 17 de Julho, 1959)
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Fui ao youtube e não consegui escolher nenhum video. Quem quiser que escolha.

14/07/2007

Osvaldo Maggi

Lembrei-me forte deste amigo tão especial de há tantos anos e que só raramente lhe apanho o rasto.

O Osvaldo é um artista ambulante, um peregrino argentino, livre e despojado da matéria. Nem a amizade o prende. Não se sente obrigado a procurar os seus amigos pois acredita que o caminho se encarregará de o fazer. Tudo o que tem não enche a sua velha mochila. Bens pessoais: O livro do Tao e uma cassete do Monteverdi. Tinha também um ukelele-banjo que o acompanhou durante mais de trinta anos e que mo ofereceu.

Quando vivi ao pé dele lembro-me que um pacote de arroz e outro de lentilhas lhe chegavam para se alimentar durante um mês. E recordo um episódio lindo num dia que uns miúdos lhe bateram à porta a pedir comida e ele tinha apenas duas maçãs e disse: “só tenho duas maçãs por isso só vos posso dar uma”, mesmo vendo que os miúdos tinham sacos cheios de comida que tinham andado a pedir.

Passámos muito tempo juntos e poucas palavras precisámos de dizer um ao outro. A comunicação era estabelecida a um outro nível.
E o Osvaldo tinha uma série de canções que tinha feito ao longo dos anos e que cantava aos amigos. Eu sempre as achei de uma beleza e simplicidade singulares. Em 1998 ele teve uns meses em casa da minha mãe e eu levei para lá algum material e gravámos um disco caseiro que se chamou “Sigue Andando”.

O exemplo vivo de que a vida não é apenas o que temos mas o que temos é apenas a vida.
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Fica o primeiro tema do seu disco,
"Compadre de Los Caminos"

13/07/2007

Os Sete Pecados Mortais: A Soberba



Nos comentários ao meu post "O Fim do Limbo" de 14 de Maio alguns leitores manifestaram a sua preocupação, por um lado com o desaparecimento deste "subterfúgio para coisas que não são nem assim nem assado", por outro lado com o seu próprio futuro Bem-Estar no Além. Falou-se um pouco sobre as nossas hipóteses de entrar no Paraíso, levando em consideração as exigências da Igreja. Pessoalmente exprimi as minhas dúvidas, tocando no delicado assunto dos Sete Pecados Mortais: "Cada um fala por si, mas no meu caso cheguei à conclusão que se calhar será melhor tentar criar um pequeno Céu para mim no Agora e Aqui, pois com as condições impostas pela Igreja não tenho a minima hipótese".
Agora deu-se o caso seguinte. Ontem o incansável presidente do meu clube de xadrez, o Sr. Amadeu, telefonou para me dar os parabéns: a Federação Portuguesa de Xadrez acabou de me atribuir o título de Mestre Nacional de Xadrez. (Ver o site http://www.fpx.pt/ , lado direito da página, coluna "Novidades 08.07.2007. Três novos Mestres Nacionais: Diogo Alho, Vasco Diogo e Marinus Luyks". O último sou eu, "Rini" é diminutivo de "Marinus").
Sou jogador de xadrez a nível federado há 35 anos, dos quais 20 em Portugal, com resultados que justificam perfeitamente a atribuição deste título.
Problema: apesar desta convicção sinto uma luta interior entre a Soberba e a Humildade, entre a Vaidade e a Modéstia!
Informar imediatamente os entes queridos não provoca dilemas, a partilha de alegrias pessoais a este nível podemos considerar comportamento normal.
Mas como dar a notícia aos amigos e conhecidos!?
Às vezes temos sorte: hoje de manhã, antes do ensaio da minha banda Kumpania Algazarra, estava num café com dois colegas. "Quem me paga um café?", perguntou o clarinetista. "EU, tenho uma coisa a celebrar!" "Ah sim?"
O outro colega pediu um Compal, há sempre gente a abusar...
(A Avareza, outro Pecado Mortal. Sou avarento? Podia ter falado três horas mais tarde, oferecendo o almoço aos oito músicos da banda. Os Holandeses têm fama de serem avarentos, muitos deles também são ricos. Acho que os Portugueses não são avarentos. Eu sou Holandês, mas não sou rico. Ser avarento e pobre, isso sim seria uma tragédia...).
Outra forma de tentar resolver o problema é escrever um post num blogue, como estou a fazer agora. Gostava de ouvir a opinião dos meus sócios de "Anacruses" sobre o assunto. Pelo menos um deles, também ele laureado há relativamente pouco tempo, deve saber lidar com a situação melhor do que eu....
Imagem: "Os Sete Pecados Mortais" de Hieronymus Bosch

12/07/2007

Sinfonia do Trânsito

Tenho o vício musical de improvisar ao som do pisca-pisca (e de outros fenómenos sonoros resultantes da condução). O do meu carro pisca à volta dos 150 bpm, o que corresponde a um Allegro, andamento excelente para se conduzir. Por vezes desdobro o ritmo e passo a sentir metade do tempo, sugerindo um Adagio, o que proporciona momentos mais cantados do que percutidos.
Nunca tinha tinha improvisado sentindo o dobro do tempo, pois seria um andamento insano a rondar os 300 bpm, algo mais que prestíssimo.

Acontece que tenho uma lâmpada do pisca fundida no carro, o que faz com que a intermitência do pisca esquerdo se processe ao dobro da frequência da do direito. Esta casualidade veio acrescentar o tal “mais que prestíssimo” às minhas criações automobilísticas a que costumo chamar de “sinfonia do trânsito”. É uma forma de processar e ordenar no cérebro todos os sons que se ouvem durante uma viagem urbana (buzinas, sirenes, obras, motores, etc.) É incrivel como de repente aqueles sons que normalmente são desagradáveis, passam a ser parte de um todo musical agradável, criado na nossa cabeça em tempo real.

A foto é de Teerão, pois fomos fazer lá um espectáculo e eu e o Fernando inventámos uma música que cantávamos na carrinha, no meio de uma selva de carros, com a letra “no traffic jam in tehran”. Ainda a acrescentar que o motorista se chamava Ariap e que soava exactamente a "hurry up".

10/07/2007

A camioneta harmónica (ou "Boas Festas na Carris")

Mais uma pequena história para a época da canícula, mas com alguma actualidade, penso.
Um dos pontos de discussão no debate de ontem entre os candidatos à Câmara de Lisboa foi o problema dos transportes na capital e nomeadamente o monopólio da Companhia Carris de Ferro de Lisboa.
Fez-me lembrar um dos meus primeiros textos em português, uma carta de leitor na época de Natal 1995.
A camioneta harmónica
"Sou acordeonista e deveria então estar muito satisfeito com aqueles autocarros novos, compridos, com foles no meio, autênticos fetiches!
Mas não estou....
Um domingo em Novembro, nove e meia da noite, Rossio. Sozinho estou à espera do último autocarro da linha nº 11. A paragem é mesmo depois de dobrar a esquina, por isso é preciso muita atenção.
Lá vem, a alta velocidade, uma camioneta harmónica. No espaço onde se costuma ver o número da linha e o destino lê-se agora: "Boas Festas na Carris." Toma-me um ligeiro pânico: há camionetas harmónicas nas linhas nº 9, 11, 45, 46 e 90 e a minha boa educação impede-me de mandar parar um autocarro sem entrar nele...
Cinco metros antes da paragem reaparece o destino: 11 - Damaia. Num reflexo levanto o braço, mas já é tarde, o autocarro não pára. Vou atrás dele e tenho sorte: cinquenta metros mais à frente o sinal está vermelho. Bato à porta e o motorista deixa-me entrar, com cara de muito poucos amigos, claro.
O autocarro está cheio, tem duas vezes o comprimento dos autocarros antigos, mas não há muito mais lugares sentados. Há sim muitos passageiros amontoados em pé, o que é lógico: autocarros mais compridos, por isso menos autocarros, por isso mais passageiros por autocarro....em pé.
Faltam as placas com o aviso: "Sr. Passageiro, se viajar em pé, segure-se bem, o motorista pode ter necessidade de fazer uma travagem brusca." Logo se percebe porque: numa camioneta harmónica todas as travagens são necessariamente bruscas. Juntam-se a isto as péssimas condições das estradas de Lisboa que tornam uma viagem nesta camioneta num autêntico martírio.
Não há pachorra!"
(Tribuna do Leitor, jornal "Público", Novembro 1995).
Recebi várias reacções de pessoas que concordaram com este meu "resmungo".
Agora, quase doze anos mais tarde, a situação não mudou para melhor, parece-me.
Só nos últimos tempos mandei três queixas ao provedor da Carris sobre horários não cumpridos e condução irresponsável de certos motoristas (nomeadamente da linha 46, agora 746, que uso muito), estes sujeitos já me causaram estragos na bagagem e uma luxação num braço....
Por isso, quanto a mim, fim do Monopólio da Carris, já!!

06/07/2007

Estranha Forma de Vida


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Sofia de Portugal - voz
Rui Rebelo - guitarra
Nuno Alan - Contrabaixo
Fernando Mota - Tombak

05/07/2007

Máscaras


Cada vez mais conheço as máscaras e não as pessoas.
Cada vez mais se utilizam mais máscaras para as mais variadas ocasiões.
Máscaras como armaduras ou como armas.
Qual é o nosso verdadeiro rosto sem máscara?

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“Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho. Já tinha envelhecido.”

Álvaro de Campos

04/07/2007

...


03/07/2007

Elis

Comprei hoje a colecção de três DVD’s da Elis Regina e que assinalam os 25 anos da sua morte. Ficou um pouco aquém daquilo que esperava e há semelhança da colecção do Chico Buarque, devem estar para sair mais três DVD’s e por isso enchem-se uns chouriços .
Não deixa de ser um registo maravilhoso e emocionante e que me toca especialmente pois a sua voz e a sua música foram constantes na minha vida.

Fica aqui o tema “Atrás da Porta” do Chico Buarque numa emocionada e antológica interpretação da grande Elis Regina. Para mim uma das melhores cantoras do século XX.


Festival de Teatro de Almada

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Tenho andado por esse mundo fora a fazer espectáculos e é raro encontrar um programador que não conheça o Festival de Almada.
Parabéns portanto a um Festival que não necessita apresentações e que tem uma mobilização de públicos única no país e com poucos paralelos lá fora.

Como sempre, de 4 a 18 de Julho.
a programação encontra-se
aqui.

02/07/2007

Transeunte ingénuo no Intendente

O relato do Rui - "pai assediado" (post 26 de Junho) fez-me lembrar um episódio que me aconteceu há nove anos e que enviei como carta para a "Tribuna do Leitor" do jornal "Público".
Transeunte ingénuo no Intendente.
"O melhor afinador de acordeões mora perto do Largo do Intendente. Chama-se João Pedro, já tem 80 anos mas continua com mãos de ouro para tudo o que é acordeão.
Vive com a esposa num modesto prédio na Travessa do Maldonado; o prédio está em obras há anos, com montes de areia e sacos de cimento na entrada. "Mas isso não é o pior", diz a esposa Dona Aurora, "o pior é o bairro, é um bairro de prostitutas".
Ontem fui ter com o Sr. João por causa de uma avaria no meu acordeão. Preciso dele para a animação permanente na EXPO '98, por isso o caso era urgente e o Sr. João resolveu-me o problema no mesmo dia.
E assim passei duas vezes num só dia pelo bairro do Intendente, ao levar e ir buscar o instrumento. Às onze de manhã, tudo calmo: uma prostituta espreguiçava-se à porta, outras conversavam em grupo, nada de actividade profissional a essa hora. Quando voltei às sete da tarde, o cenário era outro: de cinco em cinco metros um par de pernas a mostra.
Como estrangeiro indisfarçável, louro ainda por cima, eu já previa uma passagem mais complicada nesse ambiente de linhas curvas, assobios aliciantes e sussurros de palavras doces. A passagem tornou-se mesmo difícil quando um homem, mal vestido e com pele de réptil, me abordou sem rodeios: "Então, vamos para baixo ou não?"
Era um chulo, mas tinha a técnica dos arrumadores de carros: um arrumador de prostitutas, ou melhor, de clientes de prostitutas. Os carros são os clientes, o lugar de estacionamento é a cama da prostituta. Mas neste caso o homem teve azar. Eu não tinha trocos."
(publicado no dia 12 de Julho 1998)

Mais uma Maravilha no dia 07-07-07