Tenho o vício musical de improvisar ao som do pisca-pisca (e de outros fenómenos sonoros resultantes da condução). O do meu carro pisca à volta dos 150 bpm, o que corresponde a um Allegro, andamento excelente para se conduzir. Por vezes desdobro o ritmo e passo a sentir metade do tempo, sugerindo um Adagio, o que proporciona momentos mais cantados do que percutidos.
Nunca tinha tinha improvisado sentindo o dobro do tempo, pois seria um andamento insano a rondar os 300 bpm, algo mais que prestíssimo.
Acontece que tenho uma lâmpada do pisca fundida no carro, o que faz com que a intermitência do pisca esquerdo se processe ao dobro da frequência da do direito. Esta casualidade veio acrescentar o tal “mais que prestíssimo” às minhas criações automobilísticas a que costumo chamar de “sinfonia do trânsito”. É uma forma de processar e ordenar no cérebro todos os sons que se ouvem durante uma viagem urbana (buzinas, sirenes, obras, motores, etc.) É incrivel como de repente aqueles sons que normalmente são desagradáveis, passam a ser parte de um todo musical agradável, criado na nossa cabeça em tempo real.
A foto é de Teerão, pois fomos fazer lá um espectáculo e eu e o Fernando inventámos uma música que cantávamos na carrinha, no meio de uma selva de carros, com a letra “no traffic jam in tehran”. Ainda a acrescentar que o motorista se chamava Ariap e que soava exactamente a "hurry up".
Acontece que tenho uma lâmpada do pisca fundida no carro, o que faz com que a intermitência do pisca esquerdo se processe ao dobro da frequência da do direito. Esta casualidade veio acrescentar o tal “mais que prestíssimo” às minhas criações automobilísticas a que costumo chamar de “sinfonia do trânsito”. É uma forma de processar e ordenar no cérebro todos os sons que se ouvem durante uma viagem urbana (buzinas, sirenes, obras, motores, etc.) É incrivel como de repente aqueles sons que normalmente são desagradáveis, passam a ser parte de um todo musical agradável, criado na nossa cabeça em tempo real.
A foto é de Teerão, pois fomos fazer lá um espectáculo e eu e o Fernando inventámos uma música que cantávamos na carrinha, no meio de uma selva de carros, com a letra “no traffic jam in tehran”. Ainda a acrescentar que o motorista se chamava Ariap e que soava exactamente a "hurry up".
12 comentários:
O.K. Rui, este teu pequeno relato sobre improvisação musical no trânsito é muito bonito, mas também julgo topar já alguns sinais de alienação avançada.
Dás me razões para continuar a preferir os transportes deficientes da Carris e (menos) do Metro à Vaca Sagrada que é o Carro Privado.
POr esta , sinceramente, não esperava!!!!
Vou tentar põr em prática com o meu velhinho citrën...deve ser uma experiência TRAUMÀTICA...para ele, claro!!!!
ADOREI este post!!!!
Bom, "alienação avançada" será um bocado exagerado, em princípio é um experimento interessante tentar (e no teu caso conseguir) ouvir (e ver!) música em fenómenos da nossa sociedade hiperstressada.
Eu não consigo isto, sentiria-me derrotado...
Tenho também a minha buzina em Lá e quando encontro um carrro que buzina em Mi, é genial. gosto também de fazer exercicios de memória do andamento, tentando manter o ritmo nas pausas sem piscas. A condução pode ser um momento musical único e que combate eficazmente o stress.
Caro Rui, tu devias dar um workshop aos motoristas da Carris! (ver post anterior)
Obrigada pela visita a A biblioteca de Jacinto. Volta sempre.
Já viram a sequência final do "Playtime", do Tati?
(o trânsito tornado carrossel)
que felicidade
ser.ver
música
em
toda
a parte !!!
:)
Rini,
Não era mal pensado um workshop, mas não era só aos motoristas da carris. A maioria das pessoas não sabe OUVIR. Aquele sentido que não mente e não dorme.
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Pedro Ludgero,
Não vi o "playtime". Como é a cena final?
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un dress,
Não sei ser de outra maneira. Não sei se é felicidade mas dá muito prazer.
quando ando de carro tambem faço o mesmo...
:)
Indigente,
Temos de fazer uma viagem dueto...
Só para acrescentar que Portugal quer dizer laranja em farsi (iraniano).
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