Lembrei-me forte deste amigo tão especial de há tantos anos e que só raramente lhe apanho o rasto.
O Osvaldo é um artista ambulante, um peregrino argentino, livre e despojado da matéria. Nem a amizade o prende. Não se sente obrigado a procurar os seus amigos pois acredita que o caminho se encarregará de o fazer. Tudo o que tem não enche a sua velha mochila. Bens pessoais: O livro do Tao e uma cassete do Monteverdi. Tinha também um ukelele-banjo que o acompanhou durante mais de trinta anos e que mo ofereceu.
Quando vivi ao pé dele lembro-me que um pacote de arroz e outro de lentilhas lhe chegavam para se alimentar durante um mês. E recordo um episódio lindo num dia que uns miúdos lhe bateram à porta a pedir comida e ele tinha apenas duas maçãs e disse: “só tenho duas maçãs por isso só vos posso dar uma”, mesmo vendo que os miúdos tinham sacos cheios de comida que tinham andado a pedir.
Passámos muito tempo juntos e poucas palavras precisámos de dizer um ao outro. A comunicação era estabelecida a um outro nível.
E o Osvaldo tinha uma série de canções que tinha feito ao longo dos anos e que cantava aos amigos. Eu sempre as achei de uma beleza e simplicidade singulares. Em 1998 ele teve uns meses em casa da minha mãe e eu levei para lá algum material e gravámos um disco caseiro que se chamou “Sigue Andando”.
O exemplo vivo de que a vida não é apenas o que temos mas o que temos é apenas a vida.
O Osvaldo é um artista ambulante, um peregrino argentino, livre e despojado da matéria. Nem a amizade o prende. Não se sente obrigado a procurar os seus amigos pois acredita que o caminho se encarregará de o fazer. Tudo o que tem não enche a sua velha mochila. Bens pessoais: O livro do Tao e uma cassete do Monteverdi. Tinha também um ukelele-banjo que o acompanhou durante mais de trinta anos e que mo ofereceu.
Quando vivi ao pé dele lembro-me que um pacote de arroz e outro de lentilhas lhe chegavam para se alimentar durante um mês. E recordo um episódio lindo num dia que uns miúdos lhe bateram à porta a pedir comida e ele tinha apenas duas maçãs e disse: “só tenho duas maçãs por isso só vos posso dar uma”, mesmo vendo que os miúdos tinham sacos cheios de comida que tinham andado a pedir.
Passámos muito tempo juntos e poucas palavras precisámos de dizer um ao outro. A comunicação era estabelecida a um outro nível.
E o Osvaldo tinha uma série de canções que tinha feito ao longo dos anos e que cantava aos amigos. Eu sempre as achei de uma beleza e simplicidade singulares. Em 1998 ele teve uns meses em casa da minha mãe e eu levei para lá algum material e gravámos um disco caseiro que se chamou “Sigue Andando”.
O exemplo vivo de que a vida não é apenas o que temos mas o que temos é apenas a vida.
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Fica o primeiro tema do seu disco,
"Compadre de Los Caminos"
12 comentários:
Caro Rui,
E também: A vida não é o que temos mas o que somos.
Um estilo de vida admirável deste Argentino, mas não para todos, parece-me.
Nos quatro, cinco anos antes de chegar a Portugal encontrei muitos músicos ambulantes na Bélgica e França, porque também tentei ser um ...mas é muito difícil e radical largar a ideia de um "regresso à base". Mudei umas vezes de base: Holanda, Antuérpia, Paris, Lisboa, mas não é a mesma coisa....
Caro Rini,
Tu também és um cidadão do mundo, mas como bom holandês, pagas impostos, segurança social, renda, etc... e ainda vens aqui, tão bem, refilar contra o que está mal no sistema.
O osvaldo está completamente fora do sistema. Nos dias que correm nas sociedades ocidentais é cada vez mais raro encontrar gente assim.
E eu tenho saudaes dele e nem sequer sei por onde anda. Foi portanto a forma de lhe dar um abraço (em forma de post)
Por isso: um estilo de vida admirável...
E, Rui, isto do "bom holandês a pagar impostos", etc., não é bem assim... ainda vivi aqui sete anos fora do sistema, mas com a "legalização extraordinária" de '93 tramaram-me implacavelmente. Até no Chapitô onde ainda fiz alguns trabalhinhos fora da lei (pequenos crimes que já prescreveram, espero) começaram a pedir recibos verdes ... E agora sou obrigado a ter todos os pagamentos em dia em 2008 quando tenho de renovar o meu cartão de residente quinquenal.
Assim um gajo não tem hipótese.
Prepara-te para mais um post refilão.
Mas primeiro vou à praia, enquanto não cobram entrada para isso.
E o Osvaldo Knorr, conheces?
Esse anda só com um saquinho no bolso para fazer a sopa.
AHAHAHAAHAHAHA
(Sorry mas não resisti a fazer o trocadilho)
Abraços compadrinos
Gosto dessas pessoas que são capazes de guardar num saco tudo o que lhes é importante! As pessoas acumulam tantas coisas, pergunto-me para que as querem...
~CC~
Linda, a canção.
joincanto,
ok, fica a piada. sabes que a malta aqui no anacruses gosta de humor.
abraços anacrusicos.
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pois é ccf,
e lembrando o post de 5/7/07, penso que também vão acumulando máscaras.
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stalker,
vou postar mais algumas brevemente.
lindo! fico à espera de mais músicas.
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