18/11/2007

Vozes inconformadas com o "Estado das Coisas"




Hoje um novo programa na RTP: "Economia do Mês". Um dos convidados foi Henrique Medina Carreira, ex-ministro das Finanças, apresentando o seu novo livro "O dever da verdade", lançado em Setembro.
Lembrei-me logo dum outro livro: "Portugal hoje - O medo de existir" do filósofo José Gil.
Livros de pensadores inconformados.
Uma frase da introdução de "O dever da verdade": "Este livro pode ser um bom ponto de partida para se perceber que país somos, em que Estado estamos e para onde caminhamos. O optimismo não basta."

7 comentários:

Susana Serrano Pahlk disse...

Rini, os portugueses são, de uma forma geral, muito conformistas. São exactamente o contrário de ti. Claro que há excepções, mas são tão poucos que as coisas demoram muito a mudar.

xistosa, josé torres disse...

Escrevem bem, falam bem e vestem bem!
São os dos colarinhos brancos, que ... esqueci-me do que fazem !!!
Quando t~em o poder, também se esquecem ... do que prometeram
Somos uns esquecidos!!!

Anónimo disse...

Pois, já pensava que a menção do primeiro livro seria mais polémica...um político que no fim da carreira começa a dizer como devia ser. Medina Carreira foi Ministro no I Governo Constitucional (1976-1978).
Uma observação certeira dele na entrevista de ontem parece-me por exemplo: "na Europa (menos a Itália, digo eu...) os Governos eleitos permanecem em média 45 meses em funções (ou seja quase um cíclo eleitoral inteiro), em Portugal só 22 meses (já temos o XVII Governo), este prazo só dá para substituir os tachos, não para governar". E também: "Verdadeira mudança não é possível num clima de optimismo infundado, apelos a patriotismo ou auto-estima."
Toda a novela em volta do novo Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, por exemplo, o que isto tem a ver com verdadeira mudança no ensino!?
Mas Medina também quer outras medidas como um reforço dos poderes presidenciais, não tem medo de um novo Salazar.
Aí não estou de acordo...

Susana Serrano Pahlk disse...

Eu também gosto do Medina Carreira e até recorto, fotocopio, amplio e afixo na sala dos profs, a ver se agito um pouco os conformistas - mas não acontece nada...
Por falar no novo Estatuto do Aluno, podes acreditar que nem uma palavra ouvi sobre o assunto: nem nas conversas oficiais nem nas oficiosas. Na realidade ninguém quer saber!

Anónimo disse...

As questões levantadas pelo Medina Carreira são conhecidas e (algumas) pertinentes. Já as soluções, são discutíveis. A questão do autoritarismo é um velho fantasma português que é explicitamente desejado (pela direita) e implicitamente aceite (pela esquerda). Trata-se do síndrome da (não) afirmação como bem explica o José Gil. Quando é que isto começou, não sei...sempre foram 300 anos de Inquisição e 50 de fascismo (a ditadura mais longa da Europa). Estas coisas não matam, mas moem...
A iliteracia existente em Portugal (10% de analfabetos estruturais e 48% de analfabetos funcionais) e a falta de cidadania (consciência cívica), o desemprego crescente e a precaridade de emprego, explicam o resto. Com este panorama é fácil aos "iluminados" restantes (10%?) proporem soluções para tudo. A começar por regimes mais autoritários. Ainda mais?

Susana Serrano Pahlk disse...

Só para desfazer ambiguidades, quando disse que gostava do Medina Carreira queria referir-me às questões que levanta e ao facto de propor alternativas; não estava a dizer que estou de acordo ou não. Mas o facto de ele ser um dos portugueses que levanta as questões e que ainda por cima propõe alternativas e soluções merece todo o meu respeito e admiração. Primeiro porque não critica só para dizer mal e segundo porque pensa.

xistosa, josé torres disse...

Foi ministro das finanças e podemos ver o que fez ...
O mesmo que os sucessores ... ou seja, uma sucessão sucessiva de insucessos.
Ao longe e bem no alto, também sei bramar !!!