21/03/2010

Vergonha e remorso... e lágrimas de crocodilo


Aqui em baixo um excerto da "Carta Pastoral" que Bento XVI dirigiu ontem ao povo irlandês.
Reacção da parte da representante oficial das vítimas, que manifestou logo o seu desapontamento:
“Não há nada na carta a sugerir que existe uma nova visão na liderança da Igreja Católica”.

« Às vítimas de abuso e às suas famílias


Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade. Muitos de vós experimentastes que, quando éreis suficientemente corajosos para falar de quanto tinha acontecido, ninguém vos ouvia. Quantos de vós sofrestes abusos nos colégios deveis ter compreendido que não havia modo de evitar os vossos sofrimentos. É comprensível que vos seja difícil perdoar ou reconciliar-vos com a Igreja. Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos. Ao mesmo tempo peço-vos que não percais a esperança. É na comunhão da Igreja que encontramos a pessoa de Jesus Cristo, ele mesmo vítima de injustiça e de pecado. Como vós, ele ainda tem as feridas do seu injusto padecer. Ele compreende a profundeza dos vossos padecimentos e o persistir do seu efeito nas vossas vidas e nos relacionamentos com os outros, incluídas as vossas relações com a Igreja. Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu. Contudo, as mesmas feridas de Cristo, transformadas pelos seus sofrimentos redentores, são os instrumentos graças aos quais o poder do mal é infrangido e nós renascemos para a vida e para a esperança. Creio firmemente no poder restabelecedor do seu amor sacrifical – também nas situações mais obscuras e sem esperança».

O conteúdo da carta pode ser resumido em poucas palavras: "Lamento muito, não fomos Nós".
Com respeito (pouco neste caso): acho que o ex-cardeal, agora Papa Joseph Ratzinger não prestava antes e não presta agora (e segundo as últimas notícias o seu irmão mais velho bispo Georg também não...).
A sugestão do Papa às vítimas de abusos sexuais pelos clérigos católicos (palavras que não se encontram na carta, obviamente) para ir procurar consolação nos "sofrimentos de Jesus Cristo" é duma perversidade abominável, fenómeno patente na velha tradição do Vaticano, aliás.
Perversidade bem explícita na colecção de imagens "Igreja cúmplice" no Youtube seguinte:



(agradecimentos ao site http://www.portalateu.com/ )

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