Transcrevo o post de sexta-feira passada no blogue (recomendado) "Tempo contado" de José Rentes de Carvalho, escritor português que vive entre Amsterdam e Trás-os-Montes:
"Foi na passada terça-feira, continua a doer. São sete da manhã e, hábito antigo, oiço as notícias da NOS, a estação oficial da rádio holandesa. Não há desastres de maior nem muito para informar, o programa termina com as previsões da meteorologia e a situação nas estradas.
Distraído, deixo o aparelho ligado, não atento na lengalenga da publicidade, acordo ao ouvir o nome de Portugal. Três economistas e dois políticos discutem a crise económica que afecta a Grécia e o nosso país, e eu, à medida que os oiço, vou encolhendo, vou-me envergonhando, cresce em mim a dor e a raiva da impotência. É a análise detalhada e fria do nosso atraso, da nossa fraqueza e desleixo, da incrível corrupção, da incompetência, da mendicidade que nos rebaixa.
Durante uma longa hora oiço o que preferia não ter ouvido, porque uma coisa é o conhecimento do que somos, bem outra é ouvir de estranhos e sem rodeios a verdade que nos dói.
Num dos meus cadernos de notas guardo um recorte da primeira página do Le Monde de 24 de Outubro de 1967, um pequeno quadro com o título Il suffirait d'une bombe, Seigneur! No texto o jornalista refere que no dia seguinte, na cerimónia da coroação do Xá da Pérsia, à qual assistiria um bom número de ditadores, tiranos e tiranetes, uma única bomba sobre o palácio imperial seria bastante para livrar dessa cáfila os países sofredores.
Assim é que desde terça-feira ando com uma ideia e faço uma prece. A maioria dos pulhas, trafulhas e traficantes que saqueia Portugal, vive em Lisboa.
Bastará um terramoto, Senhor!
Pagarão também os justos pelos pecadores, mas para um sem-número a morte será um alívio. Para os pobres, os esfomeados, os desempregados, os que sabem que vão perder o emprego, os idosos sem amparo, os que vivem no terror das contas e dos fins de mês, a pobreza envergonhada, tantos mais.
Um terramoto, Senhor!"
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Sexta-feira 26 de Março 2010, 19:07
"Caro JRC,
Um terramoto, está bem, mas em Lisboa não, por favor!
Eu preferia convidar todos os pulhas, trafulhas e tentáculos do Polvo português para um megajantar de três dias numa luxuosa estância algures no Minho/Alto-Douro com meninas ilegais a discrição, a pedido do movimento das Mães de Bragança (dirigentes e árbitros do futebol também são convidados) .
Convite irrecusável então e depois preces ardentes ao Senhor (das mesmas Mães de Bragança) por um terramoto cirúrgico de magnitude 10 nesse sítio e nessa altura, "there and then".
Para a natureza lá não faz diferença e Lisboa continua bonita e agora sem pulhas.
Abraço,
Rini Luyks, Lisboa (onde houve um sismo de magnitude considerável há poucos meses, não acordei)"
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Sexta-feira 26 de Março 2010, 19:26
"Caro Rini,
Não vai haver terramoto. O Senhor mandou agora mesmo dizer que não vai haver terramoto, porque já gastou a verba para Portugal.
Abraço.
JRC"
O problema dos "pulhas e trafulhas" fica assim por resolver, mas sinto-me honrado em conhecer alguém que tem um canal aberto para o Além...
29/03/2010
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2 comentários:
Pois que venha o terramoto mas para Lisboa, essa capital de podridão tão bem descrita pelo Eça! Só assim se poderia dar coesão territorial ao país, pois teriam que vir obrigatoriamente para o Norte!
Ah e mais uma coisa, não sejam saloios e não papem tudo o que os jornais vos vendem: as mães de bragança eram cinco senhoras desocupadas, cinco apenas, não representam sequer 1 por cento da população da cidade.
Além disso, é muito provável que o terramoto afecta Lisboa, como em tempos. Já aqui no Norte, é mais difícil. É a vida.
Então, cara india, vou mesmo para o vosso Norte em caso de terramoto!
Nem se fosse só pelas boas recordações que tenho das vossas cozinhas regionais: em digressões musicais já passei por Ponte de Lima, Galiza, Monção, Chaves e Freixo de Espada à Cinta, tudo magnífico!
E parabéns pelo blogue "Diário de Bragança" (já nos nossos links) que eu ainda desconhecia.
As notícas dessa zona na comunicação social são escassas (e muitas vezes trágicas: o pequeno Leandro foi encontrado, desemprego, etc.).
Mas continuo a acreditar que as Mães de Bragança sabem confeccionar um bom jantar...e as meninas também podem ficar.
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