02/03/2010

A Tragédia Grega


Como complemento às representações do espectáculo "Rei Édipo", uma adaptação da tragédia de Sófocles (agora em cena, recomendado), o Teatro Nacional D. Maria II promove dois encontros de formação "Abordagem à Tragédia Grega", dirigida aos profissionais das Artes Cénicas e ao público em geral.
(entrada livre)

Na semana passada gostei muito do ensaio aberto sobre a "Oresteia" de Ésquilo, dirigido por Jorge Silva Melo e com a participação de actores dos Artistas Unidos.
Ainda sou do tempo em que a introdução ao teatro grego era disciplina obrigatória, ensinada nos últimos anos do ensino secundário (na minha escola tive cinco anos de Latim e quatro de Grego clássico), só mais tarde compreendi que isso foi realmente um privilégio...
Após um esforço de memória (e uma espreitadela na Wikipédia) reapareceram lá as conhecidas cenas depois da guerra de Tróia com personagens como Agamemnon, Clitemnestra, Cassandra.

Hoje, na segunda parte da formação (TNDM II, sala Garrett, 19:00 h) o convidado José Pedro Serra vai dar uma introdução ao trágico: "Reler os Gregos".
Serra é autor da publicação "Pensar o trágico, categorias da tragédia grega" (Fundação Gulbenkian, 2006). A introdução do livro começa assim:
"Perguntar o que é a tragédia significa aceitar a tradição, querer ver o que os outros viram e integrar isso numa mais ampla e não ingénua visão; perguntar o que é a tragédia significa, pois, aceitar a história, interpelando-a. De acordo com o que em cada visão se vê, o homem, em cada época, se faz gesto e pensamento; esse contínuo e renovado erguer-se, a si e ao mundo, é obra de cultura e a cultura é obra humana, rasto humano na poeira pelo tempo levantada. Perguntar o que é a tragédia é, então, cultura sobre cultura debruçando-se, revisitação, demanda prolongada do rosto do homem e da realidade que habita. A demanda move-se pelo desejo, e o desejo de ver, de conhecer, é a afortunada maldição da nossa condição de seres mortais".

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