Morreu num hospital em Antuérpia o escritor e pintor belga (flamengo) Hugo Claus, considerado um dos poucos candidatos a um Prémio Nobel da Literatura em língua neerlandesa. Vítima de doença de Alzheimer, optou pela eutanásia, legalizada na Bélgica.
A sua obra máxima é "Het verdriet van België", editado em português como "O desgosto da Bélgica" (ed. ASA, 1997), o livro descreve um negro período da história de Flandres, o colaboracionismo durante a Segunda Guerra Mundial, é também uma crónica do provincianismo e da mediocridade da sociedade em que o escritor cresceu.
Claus nasceu em Bruges, estudou num severo colégio interno católico em Kortrijk (Courtrai) e viveu depois em Paris, onde foi influenciado pelo movimento surrealista e especialmente por Antonin Artaud, que ele considerava o seu pai espiritual. A partir daí decidiu escrever em neerlandês, ou melhor em flamengo, um dialecto mais "sumarento" (e dífícil de captar em traduções) do que o neerlandês da Holanda, sobretudo nos diálogos entre as personagens dos seus romances.
Tenho uma recordação pessoal especial: em Maio 1997 Hugo Claus participou num colóquio de escritores e poetas em língua neerlandesa na Casa Fernando Pessoa. Por coincidência os meus pais, ambos mais ou menos da mesma idade que Claus e admiradores da sua obra, estavam nessa altura de visita a Lisboa para celebrar os seus capícuos 44 anos de casamento e fomos assistir ao colóquio.
Daqui a dois meses espero celebrar com eles os "ainda mais" capícuos 55 anos na Holanda...
3 comentários:
Um grande escritor, o Hugo Claus, que também tive o prazer de escutar em Amsterdão. Dele só li "O Desgosto da Bélgica" (na versão original) já lá vão uns anitos. Um marco na literatura flamenga.
Se algum escritor belga merecia o Nobel, era ele.
Fiz em 2003 um texto dele "sexta-feira" com o Teatro dos Aloés. Foi o espectáculo onde tive de dizer mais texto em toda a minha vida mas foi um prazer ir descobrindo a genialidade da escrita de Hugo Claus.
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