01/03/2009

Esta Noite Improvisa-se

Estreia já a 5 de Março, no Teatro Nacional D. Maria II o espectáculo "Esta Noite Improvisa-se" de Luigi Pirandello, encenado por Jorge Silva Melo e com a maravilhosa Sílvia Filipe à frente de um numeroso elenco.

Uma encenação do mestre para o primeiro espectáculo a estrear sob a nova direcção artística do TNDMII que, até agora, parece demasiado interessada  nas fardas dos funcionários e no tapete para o salão nobre.

ESTA NOITE IMPROVISA-SE de Luigi Pirandello

Tradução Luís Miguel Cintra e Osório Mateus 

Com António Simão, Cândido Ferreira, Lia Gama, Sílvia Filipe, Pedro Lacerda, Alexandre Ferreira, Andreia Bento, Cecília Henriques, João Meireles, John Romão, Pedro Luzindro, Sara Belo, Victor Gonçalves, Crista Alfaiate, João Miguel Rodrigues, Joaquim Pedro, Alexandra Viveiros, Luís Godinho / Pedro Carraca, Miguel Telmo, Miguel Aguiar, Carlos Marques, Jéssica Anne, João Abel, António Rodrigues, Ricardo Batista, Sara Moura, Vânia Rodrigues, e os músicos Antóniopedro, João Cabrita, Miguel Tapadas e Vitor Ilhéu    Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves  Luz Pedro Domingos  Direcção Musical Rui Rebelo  Encenação Jorge Silva Melo 

Esta Noite Improvisa-se

Com Seis Personagens à Procura de Autor (1921) e Ciascuno a suo modo (1924) ,  Esta Noite Improvisa-se (1930) conclui a  trilogia do "teatro no teatro" de Pirandello, que, instalando a dúvida no cerne do discurso,   revolucionou para sempre o modo de representação no palco. 
Aqui parte-se de um encenador que, perante os espectadores de uma estreia, propõe aos seus actores uma improvisação a partir de uma pequena novela de Pirandello, Leonora, Addio! Será esse o ponto de partida de um labirinto barroco de dúvidas, incertezas, sentimentos opostos, contradições, lutas, discussões, insultos, explosões irracionais, um carrossel da vida. Tudo a partir do sufocante dia-a-dia de uma vila de província, onde os sonhos são reprimidos e a sexualidade explode - e com ela o ciúme, “e o mais terrível de todos: o ciúme do passado”.
Mas o que é Esta Noite Improvisa-se, peça onde já se viu uma dilacerante meditação sobre a importância crescente do encenador, critica que seria feita a Max Reinhardt quando ele dirigiu em Berlim as Seis Personagens? Ou uma inquietante meditação sobre a dúvida, a incerteza, o boato, a aparência? Pois que acontece quando a vida faz rebentar as paredes da forma, quando o teatro começa depois do texto escrito pelo Autor?  Se a única verdade da vida é a inesperada aparição da Morte (a de Mommina, aqui; como o suicídio do menino em Seis Personagens), que faz disso o teatro?
Estamos aqui na triste história da família La Croce, família pequeno-burguesa de uma cidadezinha de província, com a sua mãe casamenteira, filhas casadoiras, resignado pai que se entrega a delírios extra-conjugais, rapazes de arribação. E a vida que se fecha para a mais abnegada das quatro filhas da família La Croce, essa Mommina que sonhava vir a cantar Verdi nos grandes teatros e acaba fechada em casa, na tremenda teia de ciúmes que sobre ela foi construindo o marido, o tenebroso Rico Verri?
E a vida, o que foi, a não ser um sonho, dirá Pirandello, um sonho de teatro?

10 comentários:

Anónimo disse...

Boa notícia.
Já fazia falta a representação naquele teatro e parece-me uma boa reabertura com uma peça de Pirandello.

Rini Luyks disse...

Tenho que ver e ouvir, Rui.
Infelizmente não devo conseguir ir à estreia: troquei mesmo por causa disso um duplo "serviço" da Fundação do Gil com António Pedro, dois dias no Algarve.
Música de sopros, teclas e percussão!?

Rini Luyks disse...

Agora li também a entrevista com Diogo Infante no Expresso e concordo com a maioria dos comentários: fala-se muito sobre contar tostões e pouco sobre ideias e conteúdos. Não conhecendo muito bem o lado "inside" do mundo do teatro, tenho mesmo assim as minhas dúvidas sobre as capacidades do novo director e esta entrevista não ajuda muito para dissipá-las...
Menos dúvidas sobre o ordenado que ele ganha: se os números referidos nos comentários estiverem certos será cinco ou seis vezes o ordenado dum actor e 16 vezes o ordenado mínimo. Isto justifica-se!!??
Não me parece que condiga muito com a imagem de cooperatividade que o senhor director tenta transmitir, mas que é um ordenado com muito "charme", isso sim! E depois queixa-se que "a estrutura absorve dois terços do orçamento", pois, pois.
Então o Primeiro-Ministro vai dar apoio para um tapete novo no Salão Nobre!? :))) Depois com certeza actores em gangas velhas já não se podem sentar no chão como fizemos há dois anos (em protesto contra ordenados em atraso).
Também ficámos a saber que se procura um parceiro à altura para a renovação das casas de banho.
Será que veremos em breve o logo da Fábrica Cerâmica de Valadares nos pendões ao vento do Teatro Nacional!?
Pronto, eu já aliviei, haha!

Rui Mota disse...

O D. Maria II é um "albergue espanhol"!

Anónimo disse...

Pirandello é sem dúvida um dos grandes autores do sec XX. "Esta Noite Improvisa-se" é um texto que engrandece qualquer teatro nacional.
a ver como se porta esta nova direcção...

Anónimo disse...

Muito Bom espectáculo. Honra Pirandello e o Teatro Nacional. Parabéns pelo trabalho musical Rui. Mais uma vez mostras o teu talento e mestria.

Ana

Rui Rebelo disse...

Gracias ana. Eu também gostei bastante do espectáculo no seu todo.

Anónimo disse...

belíssimo espectáculo. Do melhor teatro que vi nos últimos anos...

carla amaro disse...

Adorei o espectáculo. E parabéns pelo trabalho musical, especialmente a estrondosa procissão que tem a tua cara.

sonia disse...

Belíssimo Espectáculo!!!

A procissão é de Óscar!!!