A referência mais presente e constante na minha vida é o teatro. Cresci nos teatros e com o teatro. Em 1975 fui com a minha mãe para Évora, quase de punho erguido, participar na fundação do Centro Cultural de Évora, sedeado no mais belo teatro de Portugal - O Teatro Garcia de Resende. Nesse mesmo ano deu-se a minha primeira tentativa de entrar num espectáculo; “O senhor Puntila e o seu criado Matti” do Brecht, onde era suposto eu fazer de filho de Surkala (Fernando Mora Ramos). Só que a dada altura o Sr. Puntila (Mário Barradas) insultava Surkala e eu desatava aos pontapés ao Mário Barradas. Eu sabia que era “a fingir” mas não conseguia ficar indiferente ao acontecimento. Claro que não pude entrar no espectáculo. Em 1980 viria então a estrear-me com sucesso em “A Paz” de Aristófanes.
Aprendi cedo com o Teatro que a realidade e a sua representação são a mesma coisa.
Ao Teatro agradeço em grande parte a minha compreensão do mundo e a capacidade de me transformar e de relativizar os acontecimentos.
Hoje, dia mundial do teatro, desafio todos a irem ao teatro e, à boleia da mensagem de Augusto Boal, convido a que façam da vossa vida um palco onde possam encenar e representar o melhor espectáculo de sempre.
3 comentários:
Santas, essas caneladas ao malvado Puntila!
:-)
A distanciação brechtiana não permite caneladas realistas... se fosse à distância...
E viva o teatro
:))
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