08/04/2007

Boa tarde, gente do teatro...

Espero que me perdoem a pretensão, mas gostava de partilhar com vocês o texto que escrevi para ser lido na cerimónia dos prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, que me distinguiram este ano com uma Menção Honrosa pelo meu trabalho musical no espectáculo Por Detrás dos Montes do Teatro Meridional.
Infelizmente não pude comparecer na cerimónia mas a actriz Carla Maciel fez a gentileza de ler este curto agradecimento.
Deixá-lo aqui é mais uma forma de voltar a agradecer a todos quantos colaboraram nesta produção, que ainda continua em digressão até à primeira semana de Maio onde terminará a sua carreira no T.N. S. João, no Porto.
Aqui fica...
(Lisboa, 26 de Março de 2007)
Boa tarde, gente do teatro.

Na altura em que este texto estiver a ser lido, eu devo estar de cócoras num palco em Loulé, a enrolar cabos por baixo dos meus bombos ou a afinar as cordas da tábua de engomar de madeira a que chamo de Tabula Rasa. Lamento pois a minha ausência aí no Jardim de Inverno.

Tem sido uma viagem muito feliz, o percurso deste Por Detrás dos Montes, desde a sua concepção até à presente digressão, passando pela estreia em Bragança e pela temporada em Lisboa.

Quero agradecer antes de mais à Associação Portuguesa de Críticos de Teatro por esta distinção que muito me honra. Fazer música para teatro tem sido a minha principal actividade nos últimos doze anos e é aqui que tenho encontrado os espaços criativos mais estimulantes.

Tenho tido a sorte de trabalhar com criadores cuja concepção de teatro passa por muito mais do que levar a cena textos ditos por pessoas. Artistas que consideram todas as áreas criativas passíveis de gerar discursos cénicos intervenientes e interpenetráveis. Quero acreditar, portanto, que esta menção honrosa é também sintomática da noção de que o teatro é, ou pode ser, muito mais que literatura encenada. De que o teatro não existe. De que o teatro é tudo e todas as formas de arte unidas numa só. Uma arte global feita de encontros e partilhas.

Agradeço por isso ao Miguel Seabra. Por fazer o teatro que faz e por me deixar fazer parte dele.

Quero deixar um agradecimento especial aos seis actores que partilham comigo o palco. Um dos melhores elencos com que tenho trabalhado, técnica, criativa e humanamente. A quase totalidade da música deste espectáculo foi criada em cena, com eles, ao longo de várias semanas de improvisações nas quais gerámos o material que deu forma a Por Detrás dos Montes. E só no ambiente de generosidade, humildade e entrega que proporcionaram se pode alcançar a segurança para correr riscos, a noção de que podemos falhar e a certeza de que se não fosse assim, não valeria a pena. É esse espaço de fragilidade partilhada que me interessa nas artes cénicas. É nessa fina linha entre o falhanço e o sucesso que crescemos enquanto criadores e seres pensantes e sensíveis.

Quero também agradecer a toda a equipa criativa, técnica e de produção do Teatro Meridional, gente solar e implicada, e em especial a Marta Carreiras, cenógrafa e figurinista, que vê a minha música tanto quanto eu ouço as suas imagens.

Para todos eles vai também esta Menção Honrosa.

Muito obrigado e até sempre,
Fernando Mota

4 comentários:

Anónimo disse...

não vai ser muito dificil adivinhar sobre que tema vão ser os teus próximos 10 posts...

Anónimo disse...

Para ouvir um som menos harmonioso em relação ao teatro, mas quanto a mim também com pleno direito de ser ouvido, ver o blogue "fiuza666" que pus nas nossas "Harmonias"

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
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