31/12/2007

Metropolis (Fritz Lang, 1927)

Quase na véspera do início dos ensaios para a reposição do musical "A Fábrica do Nada" (Artistas Unidos, resumo em http://www.culturgest.pt/actual/fabrica.html) e para acabar o ano em beleza brindei-me com uma pequena prenda: o DVD do filme "Metropolis" do visionário realizador Fritz Lang. Produzido há 80 anos, o filme continua a ser uma obra-prima na ficção científica cinematográfica.

Metropolis é uma grande cidade industrial no século XXI, governada autocraticamente por um poderoso empresário. Existem territórios separados para as duas classes: os senhores, a classe privilegiada que passa o tempo na cidade com os seus jardins idílicos e lugares de divertimento, e a grande massa dos operários, condenados a viver e trabalhar em galerias no subsolo, escravizados e desumanizados pelas máquinas que são um factor essencial na manutenção da estrutura da cidade.

Hitler ficou impressionado com o filme e quando chegou ao poder pediu ao cineasta, através do seu Ministro Goebbels, para colaborar na propaganda do partido nazi. Enquanto Thea von Harbou, na altura a sua esposa e também guionista do filme, aceitou essa proposta, Fritz Lang fugiu para Paris e mais tarde para os Estados Unidos, onde continuou a fazer filmes.

Informação sobre o filme na versão inglesa da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Metropolis_%28film%29

Pormenores preciosos do "making of" em: http://www.youtube.com/watch?v=ZrYd4-YbXrE&feature=related

Um fragmento maior em: http://www.youtube.com/watch?v=NarN046dDOQ&feature=related - repare, caro leitor, como as galerias brancas na estação de metro Baixa Chiado em Lisboa são igualzinhas às galerias no filme, percorridas pelos rebanhos de operários robotizados a caminho do trabalho (minuto 2.00 até 2.20 do fragmento), o que havemos de pensar disso!?

7 comentários:

Anónimo disse...

Nada. Não devemos pensar nada. A estação Baixa-Chiado é da autoria de Siza Vieira que se teria inspirado nas estações do metro de Londres. O filme, esse continua magnífico e actual. Por isso é um clássico. Resistiu à prova do tempo.
Boas entradas!

RM

Rini Luyks disse...

Caro RM,

Boas entradas também (já entrámos)!
Quanto à estação Baixa-Chiado desconfio: pode fazer parte de um "plano tecnológico" dos sucessivos Governos para criar uma sociedade tipo Metropolis....
Quando passo pelo metro Chiado (ou Sete Rios ou Cais do Sodré) por aí às sete ou oito de manhã, sinto me mais ou menos como aqueles trabalhadores no filme.
Um próximo passo seria, como em Metropolis, a robotização da sociedade começando pela supressão das necessidades físicas.
Para um trabalhador em Lisboa, por exemplo, um salário mínimo de 436 euros por mês só dá para pagar a renda, não fica nada para comer.
Assim também se percebe porque no interface do Cais do Sodré onde confluem tantos modos de transportes (metro, linha de Cascais, barcos para Cacilhas, autocarros, eléctricos e táxis) não se encontra nem UMA casa de banho pública aberta às oito e meia de manhã. Faz tudo parte do plano tecnológico, daqui a um bocado já ninguém come, então casas de banho para quê?
(Permite-me esta "entrada" que considero escatologicamente correcta)

Anónimo disse...

Caro Rini,

Bem regressado ao país das "cimeiras"!
Tens razão, comparada com Amsterdão, Lisboa tem poucas casas de banho e poucos relógios públicos. Também eu sinto essas faltas...Claro que, às oito e meia da manhã, é muito mais problemático. Quem te manda sair tão cedo de casa?

Bom ano, para ti também!

Rui Mota

Anónimo disse...

Bom ano Rini,

É já amanhã que começamos os ensaios da "Fábrica do Nada". Espero que seja, pelo menos, tão bom quanto da primeira vez na Culturgest. Parece que o elenco é práticamente o mesmo mas eu gostava de fazer pequenas alterações nas músicas.

Depois vou-te pedir o DVD do Fritz Lang para copiar.

abraço,

até amanhã.

Anónimo disse...

Bom ano Rui R., O.K.! Até amanhã.

Rui M., o que me manda sair de casa tão cedo (às vezes) é a falta de ligações entre os vários transportes públicos.
(E o salário mínimo é 426 euros em vez de 436, ou seja não dá para pagar a renda...)

Unknown disse...

Uma obra-prima intemporal!
Lang será sempre Lang, um dos maiores cineastas de sempre.
Saudações.

xistosa, josé torres disse...

Com 426 euros, para comer, não dá para o aluguer do bando do jardim, com os inconvenientes que daí advêm.
Mas nem tudo é mau neste país.
Há quem tenha reformas, (e não são poucos), com valor superior ao ordenado que auferiam quando trabalhavam.
Agora ganham mais e têm outra gamela.
Para os porcos de engorda é assim ...