Depois de ver um anúncio dum programa de televisão (hoje RTP 2, 20.30 h, o venerado José Hermano Saraiva fala sobre Alpiarça, José Relvas e a Casa dos Patudos), lembrei-me da curiosa história da Jarra Beethoven.
No fim do século XIX José Relvas, um apaixonado de Beethoven, fez uma encomenda a Rafael Bordalo Pinheiro para a sua Casa dos Patudos em Alpiarça, uma obra que tinha de ser um hino ao compositor.
Bordalo Pinheiro entusiasmou-se e criou uma peça de barro vidrado de 2.30 metros de altura, nas suas palavras: "effectivamente é a obra mais completa que tenho feito. Se Deus até ao fim, posso apresental'a como objecto raro, pela difficuldade de execução" (30 de Agosto 1895).
A peça está repleta de folhagens e figuras alusivas à música: uma folha de partitura com as primeiras notas do Quarteto opus 18, nº 4, tocadas por quatro músicos empoleirados numa curva da jarra, um medalhão com o retrato de Beethoven guardado por uma grande águia, uma base com as palavras Melodia e Harmonia.
Só que depois da finalização o Senhor dos Patudos chegou à conclusão que a obra era demasiado grande para a Casa e encomendou um exemplar de menores dimensões....
Rafael Bordalo Pinheiro não encontrou comprador para a jarra original em Portugal e levou-a para uma exposição de faiança no Rio de Janeiro, onde acabou por ser sorteada em rifas!
Só que o número bafejado pela sorte não foi comprado e afinal o criador ofereceu a jarra ao Rei D. Carlos...
Actualmente a peça encontra-se no Museu Nacional de Belas-Artes do Rio do Janeiro.
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