17/05/2012
Passagem pela Primavera Global
O que quis dizer com o seguinte comentário a um dos posts no Facebook group “Primavera Global” é que para mim as manifs em todas as suas aparências, sendo necessárias, não são suficientes como protesto, pois não põem em causa o Sistema que provoca todos os males, são absorvidas pelo próprio Sistema, não são uma ameaça para a “democracia totalitária”, uma temática já abordada em 1964 pelo filósofo Herbert Marcuse em “One Dimensional Man” e outros textos.
Defendo a Desobediência Civil, a não-colaboração não-violenta em todas as suas possíveis vertentes, uma prática já defendida há séculos (Étienne de La Boétie – séc. 16, Henry David Thoreau e Tolstoi - séc. 19), até aos nossos dias Gandhi, Martin Luther King, Dalai Lama…
Passagem pela Primavera Global
No domingo à noite passei pelo Parque Eduardo VII / acampamento Primavera Global com o meu acordeão nas costas, ambiente de tertúlia/debate, cozinha vegetariana, uma “árvore dos pecados”, um espaço Gandabaile, onde não toquei porque estava cansado após uma actuação (tipo ensaio) de uma hora e meia com um clarinetista, precário também, na Rua do Carmo, actualmente um local de trabalho ao fim de tarde/noite quando não há outro ou seja: frequentemente.
Rendimento no chapéu: 12 euros e 43 cêntimos, a dividir por dois, costuma ser um pouco melhor...
Outras entradas no diário precário deste mês de Maio:
- malabarismos contabilísticos cinzentos para tentar salvar dois espectáculos para duas Câmaras Municipais a exigir Declarações de Não-Dívida, agora não só às Finanças mas também à Segurança Social (novo para mim), uma complicação, porque desde 1 de Janeiro 2011 a minha relação com os Serviços da Segurança Social é de Desobediência Civil Assumida http://anacruses.blogspot.pt/2011/03/war-zone-ii.html , texto que enviei aos referidos Serviços com acusação de recepção pelos mesmos;
- interrupção pela polícia no dia 1 de Maio às 17h00, após queixa anónima de vizinhos, dum ensaio caseiro (não há dinheiro para ensaiar em estúdio) do Tchekhov Trio (composição do trio: 1 contrabaixo, 1 clarinete, 1 acordeão, não amplificados) a preparar a estreia no Adufe Bar no sábado passado (próximo espectáculo em Junho na Casa Conveniente, a anunciar em breve); ameaça de multa de 150 euros em caso de recidiva;
- interrupção pela Polícia Municipal da minha actuação na Rua do Carmo, dia 3 de Maio às 21h30, após queixa anónima. Fui abordado por dois polícias, montados em Segway human transporters “sempre em pé” (crisis? what crisis?), um deles, um extra-terrestre preto com capacete branco perguntou-me: “Where do you come from?” Tentação de responder: “I’m from Mars. And you, where do you come from?”; ameaça de multa 150 euros em caso de recidiva.
Um músico de rua em Lisboa deve pagar à Câmara uma taxa de 350 euros, chamada pelo funcionário de serviço: “taxa de desincentivo” (que não haja dúvida), mais uma taxa de aluguer de um metro quadrado de rua (ouvi dizer), também de várias centenas de euros.
Comparação: Há cidades (Londres, Sydney) onde a Câmara PAGA músicos para tocar na rua (ouviu, Exmo. Sr. António Costa!?).
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Não sabia que existiam essas regras todas em Lisboa.
A Cãmara de Nova-Iorque, faz audições para escolher dezenas de músicos e artistas em geral (acrobatas, declamadores, cantores, etc.) que, caso tenham qualidade (já um juri) podem tocar sem pagar no metro.
P.S. O António Costa é um bimbo que apanhou uma boleia do fado na Indonésia.
Abr.
RM
Olha, caro Rui, mas esta história vai ter continuação...
Audições em Nova-Iorque, sim, em Londres também, só que ouvi dizer que lá os músicos de rua não só não pagam como são mesmo remunerados (mas agora com a crise, não sei...).
"Continuação": num domingo em Julho vai haver um baile ao ar livre no Largo do Intendente (zona de requalificação, projecto de prestígio de António Costa), promovido pela Câmara. Também já houve um no ano passado, onde fui convidado para coordenar
a música, tal como agora (http://www.teatromariamatos.pt/pt/prog/criancas-e-jovens/20112012/bailenojardim).
Actualmente a metade dos músicos deste baile toca com regularidade na rua por gosto e/ou por necessidade (no meu caso "e"...).
Uma questão a abordar, então, assumindo que o Presidente da Câmara vai comparecer, vamos ver...
Enviar um comentário