07/07/2010

Petição "Plataforma Geral da Cultura"


Petição Plataforma Geral da Cultura
Teatro Maria Matos (Lisboa) - 5 de Julho de 2010

Para: Primeiro-Ministro; Ministra da Cultura; Ministro das Finanças

O sector da Cultura – as actividades culturais e a criação artística em geral – tem vindo a sofrer ao longo dos últimos dez anos, um sistemático desinvestimento por parte do Estado Português.
A situação atingiu uma tal degradação, que o próprio Primeiro-Ministro o reconheceu na última campanha eleitoral, comprometendo-se a que na actual legislatura o sector da Cultura seria prioritário e veria o investimento do Estado consideravelmente aumentado: é isso que diz o Programa do Governo.
E no entanto, desde o passado dia 18 de Junho, com a publicação do Decreto-Lei nº 72-A/2010 e as medidas que aí são impostas ao Ministério da Cultura - uma cativação geral de 20% e a retenção de 10% nos contratos celebrados e a celebrar - a situação abeira-se da catástrofe.
Por isso queremos hoje e aqui reafirmar:
1. Estamos conscientes da crise que o país atravessa, mas há dez anos que o sector da Cultura vive com sucessivos cortes orçamentais, com verbas cada vez mais reduzidas: para a Cultura, a austeridade não está a começar agora, começou há já muitos anos.
2. Os profissionais das actividades culturais e artísticas há muito que fazem sacrifícios para manter a sua actividade e a sua profissão: trabalham com orçamentos cada vez mais escassos, trabalham com contrapartidas cada vez mais reduzidas.
3. Ao contrário do que diz a Senhora Ministra da Cultura, são os próprios profissionais e criadores, que vivem nesta situação, que em larga medida financiam eles próprios a actividade cultural em Portugal.
4. A criação cultural contemporânea portuguesa é uma das actividades que mais projecção internacional tem dado ao país. E internamente, como foi reconhecido num estudo independente, as indústrias culturais têm um peso cada vez mais significativo na economia portuguesa.
5. Os cortes que o Governo agora pretende fazer terão consequências dramáticas para os projectos actualmente em curso, com a sua paralisação e consequente fecho de empresas, estruturas, desemprego entre os trabalhadores sem protecção social, desencorajamento entre os criadores.
6. A falta de comunicação e de informação clara por parte do Ministério da Cultura e das suas Direcções-Gerais sobre a situação agora criada gerou um clima de inquietação e insegurança absolutamente inaceitável.
Por isso não podemos hoje deixar de exigir:
1. A revogação imediata do artigo 49º do Decreto-Lei nº 72-A/2010, e da cativação de 20% das verbas do Ministério da Cultura, para a qual é suficiente a vontade política do Primeiro-Ministro.
2. Com a consequente revogação da redução em 10% sobre os contratos em curso ou a realizar durante o corrente ano, bem como do orçamento de Direcções-Gerais e Institutos do Ministério da Cultura directamente relacionados com os apoios à criação.
3. Mas exigimos sobretudo que o Estado Português assuma de forma clara o Direito à Cultura e o investimento na Cultura e nas Artes.
4. E que os profissionais da Cultura sejam encarados e tratados com o respeito que o seu trabalho merece, que se acabe de uma vez por todas com o discurso dos subsídio-dependentes, que se respeitem os criadores e os artistas portugueses.

Ada Pereira - PLATEIA – Associação de Profissionais das Artes Cénicas
Luís Urbano - Plataforma do Cinema
Pedro Borges - Plataforma do Cinema
Rui Horta - REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea
Tiago Rodrigues - Plataforma do Teatro

Os signatários

Esta petição pode ser assinada em: http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=DL72A

PRÓXIMA REUNIÃO DA PLATAFORMA DO TEATRO,
SEGUNDA-FEIRA DIA 12 DE JULHO ÀS 17H,
NO ESPAÇO ALKANTARA (Calçada Marquês de Abrantes, n. 99 - Santos).

3 comentários:

rui R. disse...

Já assinei mas infelizmente não acredito que isto sirva para alguma coisa...
Para que estes "ajuntamentos" tivessem alguma repercussão era necessário haver uma classe artística em Portugal, coisa que está muito longe de acontecer. Existem apenas umbigos. Uns grandes e outros a crescer...
E com tanta gente a olhar-se ao espelho e a ouvir a sua própria voz, o que é que se pode conseguir? ...

Maria disse...

Assinado e divulgado pelos amigos...

Rini Luyks disse...

Ainda por cima o Governo teve o "bom senso" (= a esperteza perversa) de anunciar as medidas no início da época de canícula, quando (como toda a gente sabe) é sempre mais difícil organizar acções de protesto.
Mas anteontem estavam 600 pessoas no Maria Matos, com 40 graus lá fora.
Será que desta vez é a sério!?